Um navio porta-contentores gigante, com o comprimento de quatro campos de futebol, encalhou ontem no Canal de Suez, bloqueando uma das rotas comerciais mais movimentadas do mundo.
Dezenas de navios estão presos, esperando que os rebocadores possam libertar o navio de 400 m de comprimento (1.312 pés), que encalhou impelido por rajadas de vento mito fortes.
O
Egito reabriu o canal mais antigo do canal para desviar parte do tráfego até
que o navio encalhado possa reiniciar viagem.
O bloqueio, entretanto, provocado pelo Ever Given, já provocou o agravamento dos preços do petróleo nos mercados internacionais.
O navio da Evergreen, registado no Panamá, tinha como destino a cidade portuária de Roterdão, na Holanda, vindo da China e navegava para o norte pelo canal, a caminho do Mediterrâneo.
Segundo informações, ainda não oficialmente veiculadas, o navio já terá sido parcialmente reflutuado. Especialistas alertaram, porém, que o processo pode levar vários dias. Embora já tenham sucedido vários encalhes ao longo dos anos, incidentes complexos, como este, são raros e podem ter "enormes consequências para o comércio global" – este é o maior navio a encalhar no Canal de Suez.
Os
temores de que o bloqueio possa prejudicar os embarques de petróleo bruto
fizeram com que os preços subissem 4% nos mercados internacionais na
quarta-feira, segundo informou a Reuters.
O serviço de inteligência de energia Kpler disse que mais de 20 petroleiros com produtos crus e refinados a bordo estarão a ser afetados pelo congestionamento.
Em média, quase 50 navios por dia passam ao longo do canal, embora às vezes o número possa ser superior – o equivalente a cerca de 12% do comércio mundial. É particularmente importante como uma via para o petróleo e o gás natural liquefeito, permitindo que os embarques cheguem do Médio Oriente à Europa.
No entanto, o incidente está longe de se poder considerar catastrófico. A questão será perceber o quanto tempo será necessário para desbloquear a via. Um ou dois dias não serão um “pesadelo” para as redes logísticas mundiais. O tráfego pode voltar a fluir muito rapidamente, pelo que o impacto será limitado – apesar dos mercados reagirem, como sempre, com um pequeno aumento no preço do petróleo.
O canal tem 193 km (120 milhas) de comprimento e incorpora três lagos naturais. Em 2015, o governo do Egito inaugurou uma enorme expansão e aprofundamento do canal principal. O atual perfil permitiu a existência de dois percursos paralelos de canal de 35 km (22 milhas).
Entretanto, com o bloqueio temporário do Canal de Suez e o aumento do congestionamento, existe um risco elevado para os navios na parte inferior do Mar Vermelho e no Golfo de Aden.
Sobre o assunto, a empresa líder mundial de inteligência e segurança marítima Dryad Global disse:
“Em todas as áreas de risco, as embarcações estáticas aumentam significativamente a oportunidade de puderem ser alvo de ameaça”
O principal risco dentro da área permanece específico para os navios ligados a interesses da Arábia Saudita, EUA, Israel, Indonésia e Irão. No entanto, todos os navios devem considerar a adoção de uma postura reforçada de alerta se forçados a permanecer estáticos dentro do Mar Vermelho ou Golfo de Aden.
Atualmente, todo o Mar Vermelho de uma forma geral, e o Estreito de Bab-El-Mandeb em particular, são uma área de tensão geopolítica na região. Acrescenta que temas regionais mais complexos que têm vindo a ocorrer nos últimos 24 meses, aumentaram a ameaça potencial na área, tal como o conflito em curso entre as forças rebeldes iemenitas e houthis.
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