As transportadoras marítimas foram avisadas para se não aproveitarem da crise de capacidade resultante do bloqueio do Suez para “agravar os preços” aos seus clientes.
Após relatos de que as companhias marítimas estão a prever aumentos nas taxas spot e novas sobretaxas devido à interrupção, James Hookham, secretário-geral do Global Shippers' Forum (GSF), alertou os carregadores “para serem cautelosos com esse sinal de futuros preços e de exigência de novas sobretaxas”.
Hookham disse: “Este incidente não foi culpa nossa [dos carregadores] e as razões pelas quais os clientes deverão pagar mais, além das atuais taxas de transporte recorde, por mercadorias que serão entregues com atraso e por razões que, em última análise, nada têm a ver com a própria da indústria, devem ser questionadas.
“O setor de transporte marítimo deve ter em perspetiva de que o Suez é um canal no Egito, não uma desculpa para agravar o preço aos seus clientes,” acrescentou.
Enquanto isso, as transportadoras estão ocupadas a recalcular os ETAs dos seus navios afetados pelo bloqueio de seis dias do canal e com destino ao Norte da Europa, num esforço para mitigar o provável congestionamento dos portos.
A acumulação de cerca de 350 navios que aguardavam o trânsito pela hidrovia deve ser anulada até o próximo fim de semana, no entanto, a chegada dos navios porta-contentores atrasados ao norte da Europa pode coincidir com os navios redirecionados pelo Cabo da Boa Esperança.
Os parceiros da THE Alliance desviaram quatro viagens para o leste e duas para o oeste via África durante o bloqueio do Canal de Suez, os parceiros da 2M, Maersk e MSC, redirecionaram seis para o leste e sete para o oeste e a Ocean Alliance redirecionou quatro navios para o leste e quatro para o oeste.
Além disso, fontes conhecedoras e próximas dos operadores confidenciaram, esta manhã, que os parceiros das alianças também estão a considerar reduzir a velocidade de serviço dos navios "além do ponto de não retorno", na viagem através do Cabo, para "permitir algum espaço para respirar" em relação à chegada da carga nos navios atrasados, que agora retomam a rota através do canal.
Os centros de contentores do norte da Europa têm vindo a lutar contra um fluxo muito considerável de importações da Ásia, há quase um ano. A Hapag-Lloyd disse ontem que o congestionamento, na maioria dos portos europeus, estava a “levar a atrasos persistentes e extremos”.
Em Antuérpia, a transportadora informou que havia implementado uma "regra de aceitação de carga de sete dias" – o que, na prática, significa que não aceitaria nenhum contentor de exportação com mais de sete dias de antecipação ao ETA confirmado do navio, nos terminais PSA.
Apenas pelo fato da carga ter reiniciado a sua movimentação, não significa que a indústria possa respirar de alívio. Compreender e monitorizar o congestionamento portuário nas próximas semanas vai nos dizer o quão grandes serão as ondas de choque deste incidente.
E o impacto na cadeia de abastecimento será maior e mais severo se as transportadoras forem obrigadas a cancelar as viagens da Ásia no mês que vem, como efeito indireto dos atuais atrasos de navios no canal.
De acordo com uma fonte de despachantes, já existem grandes lacunas nas opções de transporte de exportação a partir de meados de abril, com as transportadoras a admitir que não há tonelagem disponível para preencher essas lacunas.
De fato, hoje, em comunicado aos clientes, a Maersk alerta os carregadores sobre uma perda de capacidade entre “20% e 30% durante várias semanas”.
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