A Índia, no domingo, concretizou uma exportação de trigo
para o Afeganistão através do porto de Chabahar, no Irão, assinalando a
operacionalização do porto para o transbordo de mercadorias da Índia para o
país encravado no interior do continente.
Esta operação é significativa porque permite contornar o veto
do Paquistão ao comércio entre a Índia e o Afeganistão – visto como uma
tentativa de impedir a influência da Índia no Afeganistão. Acontece quase 15
anos depois de a Índia e o Irão terem concordado no desenvolvimento do porto de
Chabahar para aliviar os constrangimentos geográficos de conectividade que a
Índia tinha para alcançar a Ásia Central interior e o Afeganistão.
Este embarque faz parte do compromisso assumido pelo governo
de Nova Deli em fornecer 1,1 milhão de toneladas de trigo para o povo do
Afeganistão em regime de doação. Outros seis embarques se seguirão nos próximos
meses.
O porto de Chabahar também está a cerca de 75 km do porto de
Gwadar, obra construída no Paquistão pela China e que faz parte do projecto
Corredor Económico China-Paquistão (CPEC), inserido na “Rota Marítima da Seda”,
uma vertente da ambiciosa da Iniciativa da China “One Belt, One Road” que visa ligar
cerca de 60 países em toda a Ásia, África e Europa através de uma série de
estradas, ferrovias e portos.
Quando ligado ao Corredor Internacional de Transporte
Norte-Sul (INSTC), o corredor Chabahar-Zahedan-Zaranj deixará ligado o Sul da
Ásia, por um lado, e a Europa, por outro.
Com os EUA a recusarem reconhecer que o Irão está a
cumprir os seus compromissos no âmbito do pacto nuclear internacional, havia
dúvidas de que os planos da Índia em usar Chabahar nas trocas comerciais com
Cabul pudessem falhar. Na semana passada, no entanto, o secretário de Estado
dos EUA, Rex Tillerson, disse que os EUA não pretendiam "interferir com actividades
empresariais legítimas entre empresas, sejam elas da Europa, da Índia ou através
de acordos que promovam a economia e o desenvolvimento em benefício de nossos
amigos e aliados”.Fonte
