27 de novembro de 2023

Navio de empresário israelita atacado e libertado na costa do Iémen

Um navio de guerra dos EUA resgatou um petroleiro ligado a Israel que tinha sido atacado por “indivíduos armados” no Golfo de Áden, disseram os militares dos EUA, no mais recente incidente deste tipo para sublinhar o risco acrescido para o transporte marítimo na região.

O USS Mason respondeu a um pedido de socorro do navio-tanque Central Park no Golfo de Áden no domingo e conseguiu a libertação do navio, disse o Comando Central dos EUA.

“Posteriormente, cinco indivíduos armados desembarcaram do navio e tentaram fugir no seu pequeno barco. O USS Mason perseguiu os atacantes, resultando na sua rendição. A tripulação do M/V Central Park (de 22 pessoas da Bulgária, Geórgia, Índia, Filipinas, Rússia, Turquia e Vietname) está segura no momento.”

Os EUA não revelaram quem eram os agressores, descrevendo-os como uma “entidade desconhecida”. No entanto, acrescentou que dois mísseis balísticos foram disparados de áreas controladas pelos Houthi no Iémen em direção à “localização” dos dois navios, enquanto o USS Mason estava “concluindo a sua resposta” ao pedido de socorro. Os mísseis caíram a cerca de 10 milhas náuticas de distância, disse.

Os rebeldes Houthi do Iémen, apoiados pelo Irão, já tinham ameaçado atacar o petroleiro carregado com ácido fosfórico, que pertence e é operado pela Zodiac Maritime, dirigida pelo empresário israelita Eyal Ofer, se não desviasse para o porto de Hodeida, segundo a empresa de segurança marítima Ambrey.

O Golfo de Áden, normalmente não reconhecido como mar controlado pelos Houthis, está ligado ao Mar Vermelho através do estreito de Bab el-Mandeb.

O petroleiro partiu do porto marroquino de Safi e passou pelo canal de Suez em 22 de novembro.

Nenhuma reivindicação de responsabilidade da tentativa de sequestro foi feita até agora.

O incidente é o mais recente de uma série de ataques em águas do Médio Oriente desde que eclodiu a guerra entre Israel e o grupo militante palestiniano Hamas, a 7 de outubro.

Em 22 de Novembro, o Galaxy Leader foi sequestrado na costa ocidental do Iémen e desviado para o porto de Hodeidah, controlado pelos Houthi. Foram transmitidos vídeos de um helicóptero a pousar tropas iemenitas no navio de carga, a captura do navio e depois os rebeldes Houthi a dançar em comemoração. Eles agitaram as bandeiras do Iémen e da Palestina. Mais tarde, houve imagens de um capitão naval iemenita dizendo à tripulação capturada: “Bem-vindos ao Iémen. Vocês são nossos convidados aqui. Consideramos que todos vocês são iemenitas.”

O envolvimento Houthi em ataque a um navio porta-contentores de propriedade da Zim Israel é pouco claro, embora pareça ter sido alvo de tentativa de ataque na sexta-feira enquanto navegava de Israel para a China. Numa referência enigmática no X, o porta-voz do exército do Iémen escreveu as palavras Zim e nada mais. O navio foi rastreado pela última vez no Mar Vermelho e houve relatos conflituantes quanto ao seu status. Não houve comentários imediatos das autoridades Houthi.

Desde 2017, os grupos armados do Iémen apoiados pelos Emirados assumiram o controlo da área de Bab el-Mandeb, pressionando os Houthis a retirarem-se. Acredita-se que a área do foco se tenha mudado para o sul do Mar Vermelho, onde os Houthis ainda controlam Hodeidah.

O último ataque foi revelado pelas Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido, que afirmaram que o navio foi abordado 53 milhas náuticas a sudoeste de Áden. Aconselhou os navios a exercerem extrema cautela e reportarem qualquer atividade suspeita.

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23 de novembro de 2023

Vamos navegar outro oceano?

Nos nossos compêndios de geografia estudámos que o mundo se dividia em cinco continentes e outros tantos oceanos. Contudo, esta contagem, segundo cientistas da Universidade de Rochester, no Reino Unido, está em vias de ser alterada. Tudo porque, segundo eles, a África está a partir-se a meio — e a criar um novo oceano – embora não saibam, ao certo, quanto tempo vai demorar até que o processo esteja finalizado, mas estimam um intervalo de pelo menos cinco a dez milhões de anos.

Segundo esses estudos científicos, a evolução geológica de África demonstra que este continente está em pleno processo de cisão, o que irá resultar, não só na separação de nações inteiras, como na formação de um oceano. O primeiro alerta foi dado em 2009, por cientistas daquela universidade inglesa, que num estudo revelaram as alterações geológicas na região de Afar, na Etiópia.

Recentemente, um novo artigo científico publicado no Geophysical Research Letters, voltou a abordar o tema, argumentando que tudo se deve a uma fenda de 56,32 quilómetros que surgiu no deserto de Danakil no nordeste da Etiópia, no sul da Eritreia.

O estudo internacional descobriu que, atualmente, a rachadura percorre cerca de 56km depois de aparecer pela primeira vez, em 2005, nos desertos da Etiópia.

À luz dos dados que constam no artigo, a fenda foi provocada por um processo tectónico em tudo semelhante ao que acontece no fundo do mar e situa-se nos limites das placas Arábica e Africana, estando esta última em processo de desagregação e formação de uma terceira, a Somali, que se estão, lentamente, a afastar entre si.

O vale do Rift da África Oriental é uma das fendas mais extensas na superfície da Terra, estendendo-se desde a Jordânia no sudoeste asiático até Moçambique no sudeste de África, abrangendo mais de 6.000 quilómetros de comprimento.

Segundo esse estudo científico, as placas tectónicas da África e da Arábia colidem no deserto e têm vindo a separar-se, gradualmente, há cerca de 30 milhões de anos, num processo que já criou o Mar Vermelho e o Golfo de Áden entre as duas massas continentais, há milhares de anos. O estudo combina dados sísmicos da formação da fenda para demonstrar que ela é impulsionada por processos semelhantes aos do fundo do oceano. O processo que decorre atualmente vai, eventualmente, “dividir África em duas e criar uma nova bacia oceânica“.

Os cientistas não sabem, exatamente, quanto tempo vai demorar até que o processo esteja completo, mas estimam um intervalo de pelo menos cinco a dez milhões de anos até que um novo oceano se forme e o continente africano se separe. Isto porque a placa da Arábia se afasta de África a um ritmo de 2,54 centímetros por ano, ao passo que as placas africanas se mexem entre 5,08 milímetros e 1,27 centímetros por ano.

Imagem ilustrativa do que poderá vir a ser a separação do continente África

Apesar de se tratarem de movimentos quase impercetíveis, os cientistas garantem que eles estão, mesmo, a acontecer. Mas, e depois?

Estas alterações terão óbvias consequências para os países nas proximidades da fenda. Entre os países afetados destacam-se Ruanda, Uganda, Burundi, República Democrática do Congo, Malawi e Zâmbia.

A alteração drástica na geografia destes países, com alguns deles a poder vir a pertencer a dois continentes – como é o caso do Quénia, a Tanzânia e a Etiópia – poderá permitir a países, que hoje não têm acesso ao mar, construir portos que os ligariam ao resto do mundo. 

O grande rifte africano atravessa uma dezena de países. É considerada uma das maravilhas geológicas do planeta.

A probabilidade da África se partir em dois tem vindo a ser analisada desde há muito tempo. O que devemos ter presente é que estes processos geofísicos são fenómenos lentos e graduais, que levam milhares ou milhões de anos, ou seja, sucedem sem que nos apercebamos disso.