Muito tem sido dito e escrito sobre as escolhas de cumprir
com o limite à emissão de enxofre em 2020, mas uma das opções recebeu menos
atenção do que deveria merecer.
Dada a incerteza quanto à possibilidade de os refinadores
produzirem combustíveis residuais suficientes a preços acessíveis, os armadores
têm a opção de instalar um depurador ou de mudar para os destilados – mas a
quantidade disponível é um obstáculo, uma vez que os destilados representam
(para o sector marítimo), actualmente, apenas um quarto dos consumos da
indústria global pelo que uma quadruplicação da procura significaria competir
com os consumidores em terra.
Até agora, muito poucos armadores revelaram os seus planos –
muito provavelmente porque ainda não formularam uma estratégia para algo que
está se aproximando muito rapidamente. Esta semana, no Forum Fujairah Bunkering
e Fuel Oil (FUJCON), foi feita uma sondagem, entre os delegados, sobre qual a opção
que a maioria deles achava que os armadores iriam aplicar.
Aparentemente, 35% achavam que os transportadores passariam
para os destilados, 23% achavam que o combustível com baixo teor de enxofre
seria a resposta, enquanto os depuradores e o GNL estavam na parte inferior da
tabela, com apenas 7% e 1. Isto deixou 34% de fora, que não respondeu, ou não
soube responder. Isto não seria preocupante, não fosse o facto de que esses
delegados acreditam que os armadores, simplesmente, vão ignorar as regras e,
portanto, não cumprir o regulamento.
É verdade que, quando as ECAs europeias foram introduzidas
pela primeira vez, um determinado número de navios continuou, na realidade, a
comportar-se como antes, com os seus proprietários acreditando que pagar
qualquer multa seria a opção mais barata. As regras de 2020 permitem alguma
clemência se o combustível adequado não estiver disponível e, claro, se não
houver combustível de baixo teor de enxofre e o navio não tiver um depurador ou,
até, um motor de combustível dual, não restando, então, qualquer opção
disponível.
Isso pode aborrecer os proprietários que pensaram pagar mais
para garantir o pouco combustível com baixo teor de enxofre disponível ou que
pagaram por um depurador. Mas que moral têm eles para reivindicar, se decidiram
depositar a esperança no sector de refinação para o fornecimento de combustível
compatível? Por outro lado, haverá a vontade de punir os transgressores, na
medida em que todo o comércio mundial poderá ficar paralisado?
São questões interessantes e sobre as quais os
reguladores e armadores deveriam pensar. É claro que serão os advogados – como de
costume – que mais lucrarão se tal situação realmente vier a surgir, sem dúvida
que estarão, mesmo agora, a aperfeiçoar os argumentos que irão usar quando o
momento chegar.Fonte
Gráfico: António Costa
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