29 de abril de 2017

Paquistão faz concessão do porto de Gwadar por 40 anos (à China)

A 20 de Abril, o ministro paquistanês para os portos e navegação anunciou que o seu ministério tinha concedido a uma empresa chinesa de um contrato de quarenta anos para o porto estratégico de Gwadar.
O arrendatário, a empresa estatal China Overseas Port Holding Company, tem vindo a infra-estruturar o porto desde 2013. Segundo o novo contrato de longo prazo, o concessionário manterá cerca de 90% da receita das operações marítimas da Gwadar, mais 85% da receita referente à gestão de uma zona franca adjacente. Também beneficiará de isenções fiscais que o Paquistão concedeu a empresas chinesas para projectos relacionados com o Corredor Económico do Paquistão (CPEC), uma rede de infra-estrutura de transporte que se estende do Mar Arábico à fronteira chinesa.
"Esperamos criar um novo modelo de desenvolvimento económico para o porto, transplantando a experiência da China na construção de zonas especiais e áreas de desenvolvimento económico para o Paquistão, na tentativa de impulsionar a transformação industrial do país", disse o CEO da COPHC Zhang Baozhong, .
O porto é estrategicamente importante para a China por várias razões. Primeiro, oferece à Marinha da China uma conveniente base de operações perto do Estreito de Ormuz. O seu desenvolvimento foi, originalmente, proposto para fins navais, tendo o governo da China já contribuído com recursos militares para as necessidades de segurança do porto. Só depois surgiu a componente de carga, incluído no projecto para a construção do CPEC. Finalmente – e, talvez o mais importante de tudo – poderá tornar-se no terminal de recepção de um oleoduto de um milhão de bpd que atravessaria o Paquistão até ao oeste da China. Se construído, o oleoduto permitiria à China evitar o Estreito de Malaca a uma fracção significativa das suas importações de petróleo do Médio Oriente.
Entretanto, a Índia avança com o porto de Chabahar, no Irão
A menos de 100 milhas náuticas de distância, na cidade portuária iraniana de Chabahar, o governo indiano está a avançar com um pequeno porto polivalente destinado a permitir às empresas indianas melhores ligações aos mercados da Ásia Central. O projecto é, claramente, visto como o contraponto à crescente influência chinesa na região. A Índia está a investir tanto como 85 milhões de USD na construção de dois cais, um para contentores e outro multipropósito, que ficarão concluídos no próximo ano.
Localizados a tão curta distância um do outro, não são meros portos mas preparam-se para funcionar como tampões geopolíticos, que podem alterar o equilíbrio estratégico na região. O porto de Gwadar – perto do Estreito de Hormuz – permite que a China tenha acesso ao Oceano Índico. A China pode monitorizar a actividade naval dos EUA e da Índia no Golfo Pérsico e no Mar Arábico, enquanto o seu “parceiro” Paquistão pode controlar as rotas de energia a partir daí. Por outro lado, o porto de Chabahar no Irão, é o trunfo da Índia e o porto de entrada para o Afeganistão, Ásia Central, Rússia e etc. Pode permitir que a Índia monitorize as actividades navais do Paquistão e da China na região do Oceano Índico e no Golfo.
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