A 20 de Abril, o ministro paquistanês para os portos e
navegação anunciou que o seu ministério tinha concedido a uma empresa chinesa
de um contrato de quarenta anos para o porto estratégico de Gwadar.
O arrendatário, a empresa estatal China Overseas Port
Holding Company, tem vindo a infra-estruturar o porto desde 2013. Segundo o
novo contrato de longo prazo, o concessionário manterá cerca de 90% da receita
das operações marítimas da Gwadar, mais 85% da receita referente à gestão de
uma zona franca adjacente. Também beneficiará de isenções fiscais que o
Paquistão concedeu a empresas chinesas para projectos relacionados com o
Corredor Económico do Paquistão (CPEC), uma rede de infra-estrutura de transporte
que se estende do Mar Arábico à fronteira chinesa.
"Esperamos criar um novo modelo de desenvolvimento económico
para o porto, transplantando a experiência da China na construção de zonas
especiais e áreas de desenvolvimento económico para o Paquistão, na tentativa
de impulsionar a transformação industrial do país", disse o CEO da COPHC
Zhang Baozhong, .
O porto é estrategicamente importante para a China por
várias razões. Primeiro, oferece à Marinha da China uma conveniente base de
operações perto do Estreito de Ormuz. O seu desenvolvimento foi, originalmente,
proposto para fins navais, tendo o governo da China já contribuído com recursos
militares para as necessidades de segurança do porto. Só depois surgiu a
componente de carga, incluído no projecto para a construção do CPEC. Finalmente
– e, talvez o mais importante de tudo – poderá tornar-se no terminal de
recepção de um oleoduto de um milhão de bpd que atravessaria o Paquistão até ao
oeste da China. Se construído, o oleoduto permitiria à China evitar o Estreito
de Malaca a uma fracção significativa das suas importações de petróleo do Médio
Oriente.
Entretanto, a Índia avança com o porto de Chabahar, no Irão
A menos de 100 milhas náuticas de distância, na cidade
portuária iraniana de Chabahar, o governo indiano está a avançar com um pequeno
porto polivalente destinado a permitir às empresas indianas melhores ligações aos
mercados da Ásia Central. O projecto é, claramente, visto como o contraponto à
crescente influência chinesa na região. A Índia está a investir tanto como 85
milhões de USD na construção de dois cais, um para contentores e outro multipropósito,
que ficarão concluídos no próximo ano.
Localizados a tão curta distância um do outro, não são
meros portos mas preparam-se para funcionar como tampões geopolíticos, que
podem alterar o equilíbrio estratégico na região. O porto de Gwadar – perto do
Estreito de Hormuz – permite que a China tenha acesso ao Oceano Índico. A China
pode monitorizar a actividade naval dos EUA e da Índia no Golfo Pérsico e no
Mar Arábico, enquanto o seu “parceiro” Paquistão pode controlar as rotas de
energia a partir daí. Por outro lado, o porto de Chabahar no Irão, é o trunfo
da Índia e o porto de entrada para o Afeganistão, Ásia Central, Rússia e etc.
Pode permitir que a Índia monitorize as actividades navais do Paquistão e da
China na região do Oceano Índico e no Golfo.Fonte
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