28 de janeiro de 2019

O impacto do acidente da Vale também afecta o transporte marítimo


A Barragem 1 de resíduos da mina de Córrego do Feijoeiro rebentou na última sexta-feira (25). Em termos de perdas imediatas na produção de minério de ferro, o impacto do colapso da barragem de Feijoeiro pode ser menor do que o da Samarco (onde sucedeu acidente idêntico, há 3 anos), mas as consequências em perdas humanas foi muito maior, o que indica um impacto financeiro significativo para a Vale.
Por via deste acidente, a Vale – a maior mineradora de minério de ferro do mundo – já está a sofrer consequências económicas. Para já, a Justiça de Minas Gerais determinou, na sexta-feira, o bloqueio de mil milhões de Reais nas contas da Vale. Além disso, a mineradora já foi multada noutros 250 milhões pelo Ibama. Há no entanto, indicações que tribunais de Belo Horizonte e Brumadinho, em Minas Gerais, decidiram congelar activos da empresa no valor de 11 milhões de reais (US $ 3 mil milhões) em resultado do acidente.
Na Bolsa de Valores de Nova Iorque, as acções (ADRs) da mineradora fecharam em baixa de 8%, a US$ 13,66, tendo estado a perder 12%.
A barragem avariada faz parte do complexo de Paraopeba, mina responsável por 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2% da produção total de minério de ferro da Vale.
Fluxos comerciais
A Mina do Córrego do Feijoeiro faz parte do Sistema Sul da Vale, localizado no "Quadrilátero Ferrífero" do Estado de Minas Gerais. Essa região produziu cerca de 118 milhões de toneladas da produção total da Vale em 366,5 milhões de toneladas em 2017. A própria mina do Córrego do Feijoeiro tem capacidade de 7,8 milhões de toneladas / ano de minério de alto teor, tendo a produção sido interrompida após o acidente.
Em 5 de Novembro de 2015, a produção de minério de ferro e granulado foi paralisada na Samarco, um granulador de propriedade da Vale e da BHP (em joint venture), após a o rompimento devastador da barragem. Este complexo industrial, que tinha uma capacidade de granulação de cerca de 30 milhões de toneladas / ano, ainda não recebeu a aprovação final para retomar a produção.
Esta última falha na barragem pode levar a um "maior escrutínio do governo, que funcionará em desfavor na hora de emitir as permissões necessárias para a Samarco retomar as operações", disse a Cowen Equity Research numa nota de imprensa, na sexta-feira.
Por sua vez, a Citi Research disse na segunda-feira que espera um impacto financeiro "muito significativo" sobre a Vale em resultado do último acidente.
Preços e cotações
Os futuros de minério de ferro em Dalian, China subiram 6% na segunda-feira em resposta à decisão da Vale de interromper as operações em Córrego do Feijoeiro.
A S & P Global Platts avaliou a cotação de minério de ferro com teor de 62% Fe (entregue no norte da China) esta segunda-feira, em US $ 78,70 / dmt, mais US $ 3,30 / dmt do que na última sexta-feira, com os aumentos de preço atribuído ao impacto no mercado após o colapso da barragem de Feijoeiros.
Analistas da Cowen afirmaram na sexta-feira que, caso ocorra uma interrupção no fornecimento de minério de ferro de alta qualidade ou de granulado e / ou um novo atraso no reinício da Samarco, "poderá ​​haver um evolução positiva nos preços".
Impacto no transporte marítimo
Sendo um importante interveniente no mercado de exportação de minério de ferro, o incidente deverá provocar impacto a indústria de transporte de granéis sólidos devido a interrupções na produção. Como tal, o efeito provável deve ser sentido na procura por transporte.
Ainda é cedo para avaliar as possíveis consequências nas exportações da empresa, já que a Vale está actualmente concentrada nos esforços de socorro.
“O impacto no mercado a granel é, antes de tudo, a incerteza. Em segundo lugar, a duração da interrupção depende da capacidade da Vale de cobrir o "minério perdido" através de outras instalações e a que ritmo isso acontecerá. Os navios poderão ser redireccionados para outros portos de carga”, disse Peter Sand, analista-chefe da BIMCO.
No entanto, Sand acredita que o efeito geral sobre o mercado será, provavelmente, menor, com baseado no que se sabe até agora. Isto deve-se, em parte, ao facto de que o primeiro semestre do ano ser, normalmente, de menor produção do que o segundo semestre.
Para já, fica tudo em suspenso. Como um acontecimento isolado, numa qualquer parte do mundo, pode criar tamanho impacto a nível global!
Fonte 1 
Fonte 2 

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