A Barragem 1 de resíduos da
mina de Córrego do Feijoeiro rebentou na última sexta-feira (25). Em termos de
perdas imediatas na produção de minério de ferro, o impacto do colapso da
barragem de Feijoeiro pode ser menor do que o da Samarco (onde sucedeu acidente
idêntico, há 3 anos), mas as consequências em perdas humanas foi muito maior, o
que indica um impacto financeiro significativo para a Vale.
Por via deste acidente, a Vale
– a maior mineradora de minério de ferro do mundo – já está a sofrer consequências
económicas. Para já, a Justiça de Minas Gerais determinou, na sexta-feira, o
bloqueio de mil milhões de Reais nas contas da Vale. Além disso, a mineradora
já foi multada noutros 250 milhões pelo Ibama. Há no entanto, indicações que tribunais
de Belo Horizonte e Brumadinho, em Minas Gerais, decidiram congelar activos da
empresa no valor de 11 milhões de reais (US $ 3 mil milhões) em resultado do
acidente.
Na Bolsa de Valores de Nova
Iorque, as acções (ADRs) da mineradora fecharam em baixa de 8%, a US$ 13,66,
tendo estado a perder 12%.
A barragem avariada faz
parte do complexo de Paraopeba, mina responsável por 7,3 milhões de toneladas
de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2%
da produção total de minério de ferro da Vale.
Fluxos comerciais
A Mina do Córrego do
Feijoeiro faz parte do Sistema Sul da Vale, localizado no "Quadrilátero
Ferrífero" do Estado de Minas Gerais. Essa região produziu cerca de 118
milhões de toneladas da produção total da Vale em 366,5 milhões de toneladas em
2017. A própria mina do Córrego do Feijoeiro tem capacidade de 7,8 milhões de
toneladas / ano de minério de alto teor, tendo a produção sido interrompida
após o acidente.
Em 5 de Novembro de 2015, a
produção de minério de ferro e granulado foi paralisada na Samarco, um
granulador de propriedade da Vale e da BHP (em joint venture), após a o rompimento devastador da barragem. Este
complexo industrial, que tinha uma capacidade de granulação de cerca de 30
milhões de toneladas / ano, ainda não recebeu a aprovação final para retomar a
produção.
Esta última falha na
barragem pode levar a um "maior escrutínio do governo, que funcionará em
desfavor na hora de emitir as permissões necessárias para a Samarco retomar as
operações", disse a Cowen Equity Research numa nota de imprensa, na
sexta-feira.
Por sua vez, a Citi Research
disse na segunda-feira que espera um impacto financeiro "muito
significativo" sobre a Vale em resultado do último acidente.
Preços e cotações
Os futuros de minério de
ferro em Dalian, China subiram 6% na segunda-feira em resposta à decisão da
Vale de interromper as operações em Córrego do Feijoeiro.
A S & P Global Platts
avaliou a cotação de minério de ferro com teor de 62% Fe (entregue no norte da
China) esta segunda-feira, em US $ 78,70 / dmt, mais US $ 3,30 / dmt do que na
última sexta-feira, com os aumentos de preço atribuído ao impacto no mercado após
o colapso da barragem de Feijoeiros.
Analistas da Cowen afirmaram
na sexta-feira que, caso ocorra uma interrupção no fornecimento de minério de
ferro de alta qualidade ou de granulado e / ou um novo atraso no reinício da
Samarco, "poderá haver um evolução positiva nos preços".
Impacto no transporte
marítimo
Sendo um importante interveniente
no mercado de exportação de minério de ferro, o incidente deverá provocar
impacto a indústria de transporte de granéis sólidos devido a interrupções na
produção. Como tal, o efeito provável deve ser sentido na procura por
transporte.
Ainda é cedo para avaliar as
possíveis consequências nas exportações da empresa, já que a Vale está actualmente
concentrada nos esforços de socorro.
“O impacto no mercado a
granel é, antes de tudo, a incerteza. Em segundo lugar, a duração da
interrupção depende da capacidade da Vale de cobrir o "minério
perdido" através de outras instalações e a que ritmo isso acontecerá. Os
navios poderão ser redireccionados para outros portos de carga”, disse Peter
Sand, analista-chefe da BIMCO.
No entanto, Sand acredita
que o efeito geral sobre o mercado será, provavelmente, menor, com baseado no
que se sabe até agora. Isto deve-se, em parte, ao facto de que o primeiro
semestre do ano ser, normalmente, de menor produção do que o segundo semestre.
Para já, fica tudo em suspenso. Como um acontecimento isolado, numa
qualquer parte do mundo, pode criar tamanho impacto a nível global!Fonte 1
Fonte 2
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