19 de janeiro de 2019

Indústria do plástico coligada tenta manter status quo da produção

Num esforço para preservar a sua capacidade de produzir plástico barato e de uso único (vulgo, descartável), várias empresas de combustíveis fósseis e uma empresa de bens de grande consumo uniram-se para lançar a “Alliance to End Plastic Waste” – Aliança para Acabar com os Resíduos de Plástico. O grupo, que inclui a Exxon, a Dow, a Total, a Shell, a Chevron Phillips e a Procter & Gamble, anunciou que vai investir 1,5 mil milhões de dólares na gestão de resíduos e outros programas para limpeza e remoção da poluição por plástico.
Embora a indústria procure divulgar esta iniciativa como a resposta “milagre” à crise global do lixo plástico, a ONG Oceana considera-a como mais uma manobra de diversão, procurando evitar a única solução coerente: a redução da produção de plástico descartável.
A directora de política da Oceana, Jacqueline Savitz, declarou à imprensa após o comunicado da indústria:
“A promessa da coligação-aliança da indústria de resolver a crise da poluição por plástico com a gestão e a limpeza de resíduos não passa de um sonho, não sendo suficiente para resolver o problema actual. Empresas como a Procter & Gamble, a Nestlé, a PepsiCo e a Coca-Cola devem assumir a responsabilidade de reduzir a quantidade de plástico descartável ​​que introduzem no comércio, adoptando embalagens alternativas para os seus produtos. Ao promover e financiar falsas soluções na Ásia, eles pensam poder continuar a inundar os nossos mercados com as suas saquetas e embalagens problemáticas.”
Sobre o assunto, Von Hernandez, coordenador do movimento global #breakfreefromplastic disse: o planeta já está a sufocar em resíduo plástico e os tempos exigem soluções reais, não ilusões”.
Por sua vez, Christie Keith, coordenadora internacional e directora executiva do GAIA, comentou:
"Não podemos reciclar a nossa visão de como resolver a poluição por plástico. Em vez de apresentar formas cada vez mais complicadas, não comprovadas e caras de lidar com resíduos de plástico, precisamos, em primeiro lugar, que a indústria pare de fabricar grandes quantidades de embalagens e produtos descartáveis ​​de plástico. É, simplesmente, absurdo continuar a usar a substância mais resistente e duradoura para as utilizações mais curtas. A resposta para esse problema é simples - precisamos reduzir drasticamente o uso de plástico. Só o desperdício zero e os esforços para o conseguir devem ser aplaudidos por ser esse o caminho do futuro ”.
Jacqueline Savitz acrescentou, ainda:
“Estamos num momento crucial na crise da poluição por lixo plástico. A insistência em gerar e usar mais plástico não é sustentável. Estômagos de pássaros marinhos, tartarugas marinhas e peixes cheios de plástico dizem-nos que isto já foi longe demais. Não há fim à vista. As empresas devem-se comprometer a reduzir significativamente o uso desnecessário de plásticos a curto prazo. Continuar a apostar em soluções de gestão de resíduos, que falharam no passado, para justificar o aumento da produção é um erro que arrisca tanto a saúde dos oceanos, quanto a saúde pública.”
As empresas que fabricam e usam plástico de uso único (descartável) precisam agir e desviar o foco, e reduzir a dependência dos plásticos. Por outro lado, cabe aos consumidores estarem atentos e exigirem verdadeiras soluções.
As empresas que fabricam e usam plástico de uso único (descartável) deviam usar este massivo investimento para dar prioridade à investigação por novos componentes, abraçando alternativas mais amigas do ambiente e biodegradáveis, reduzindo os plásticos desnecessários. Isso, no entanto, significaria menos extracção de petróleo e gás e menos fabrico de plástico, algo que a indústria está relutante em aceitar, apesar de ser a solução mais evidente.
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