Num esforço para
preservar a sua capacidade de produzir plástico barato e de uso único (vulgo,
descartável), várias empresas de combustíveis fósseis e uma empresa de bens de grande
consumo uniram-se para lançar a “Alliance
to End Plastic Waste” – Aliança para
Acabar com os Resíduos de Plástico. O grupo, que inclui a Exxon, a Dow, a
Total, a Shell, a Chevron Phillips e a Procter & Gamble, anunciou que vai
investir 1,5 mil milhões de dólares na gestão de resíduos e outros programas
para limpeza e remoção da poluição por plástico.
Embora a indústria procure
divulgar esta iniciativa como a resposta “milagre” à crise global do lixo
plástico, a ONG Oceana considera-a como mais uma manobra de diversão, procurando
evitar a única solução coerente: a redução da produção de plástico descartável.
A directora de
política da Oceana, Jacqueline Savitz, declarou à imprensa após o comunicado da
indústria:
“A promessa da coligação-aliança
da indústria de resolver a crise da poluição por plástico com a gestão e a
limpeza de resíduos não passa de um sonho, não sendo suficiente para resolver o
problema actual. Empresas como a Procter & Gamble, a Nestlé, a PepsiCo e a
Coca-Cola devem assumir a responsabilidade de reduzir a quantidade de plástico
descartável que introduzem no comércio, adoptando embalagens alternativas
para os seus produtos. Ao promover e financiar falsas soluções na Ásia, eles pensam
poder continuar a inundar os nossos mercados com as suas saquetas e embalagens
problemáticas.”
Sobre o assunto, Von
Hernandez, coordenador do movimento global #breakfreefromplastic disse: o
planeta já está a sufocar em resíduo plástico e os tempos exigem soluções
reais, não ilusões”.
Por sua vez, Christie
Keith, coordenadora internacional e directora executiva do GAIA, comentou:
"Não podemos
reciclar a nossa visão de como resolver a poluição por plástico. Em vez de
apresentar formas cada vez mais complicadas, não comprovadas e caras de lidar
com resíduos de plástico, precisamos, em primeiro lugar, que a indústria pare
de fabricar grandes quantidades de embalagens e produtos descartáveis de
plástico. É, simplesmente, absurdo continuar a usar a substância mais resistente
e duradoura para as utilizações mais curtas. A resposta para esse problema é
simples - precisamos reduzir drasticamente o uso de plástico. Só o desperdício
zero e os esforços para o conseguir devem ser aplaudidos por ser esse o caminho
do futuro ”.
Jacqueline Savitz acrescentou,
ainda:
“Estamos num momento
crucial na crise da poluição por lixo plástico. A insistência em gerar e usar
mais plástico não é sustentável. Estômagos de pássaros marinhos, tartarugas
marinhas e peixes cheios de plástico dizem-nos que isto já foi longe demais.
Não há fim à vista. As empresas devem-se comprometer a reduzir
significativamente o uso desnecessário de plásticos a curto prazo. Continuar a
apostar em soluções de gestão de resíduos, que falharam no passado, para
justificar o aumento da produção é um erro que arrisca tanto a saúde dos oceanos,
quanto a saúde pública.”
As empresas que
fabricam e usam plástico de uso único (descartável) precisam agir e desviar o
foco, e reduzir a dependência dos plásticos. Por outro lado, cabe aos
consumidores estarem atentos e exigirem verdadeiras soluções.
As empresas que fabricam e usam plástico de uso único
(descartável) deviam usar este massivo investimento para dar prioridade à investigação
por novos componentes, abraçando alternativas mais amigas do ambiente e
biodegradáveis, reduzindo os plásticos desnecessários. Isso, no entanto, significaria
menos extracção de petróleo e gás e menos fabrico de plástico, algo que a
indústria está relutante em aceitar, apesar de ser a solução mais evidente.Fonte primária
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