5 de dezembro de 2016

Quantidade de navios de contentores amarrada é resultado do excesso de capacidade

A frota parada é, sem dúvida, a percentagem que mais cresce na frota mundial de navios porta-contentores. O que está por trás da duplicação da frota ociosa no último ano?
O número de "navios ociosos" – navios não utilizados em operações comerciais – aumentou de 238 navios (com uma capacidade combinada de cerca de 900.000 TEU’s), em Novembro do ano passado, para 435 navios (totalizando 1,7 milhões TEU’s) no início de Novembro deste ano.
Estacionados em vários portos ao redor do mundo e aguardando por operações, esses navios representam, actualmente, cerca de 9% da frota global de navios porta-contentores. No início do ano passado, a frota ociosa era apenas de 2,5%. O recente aumento ocorreu a uma taxa particularmente elevada no segundo semestre deste ano.
Foram vários os factores que levaram a este aumento:
1- O aumento da sobrecapacidade no sector de transporte marítimo de contentores e, em particular, a capacidade excedente dos antigos Panamax (de 4.000 a 5.000 TEU’s), após o alargamento das novas eclusas do Canal do Panamá em Junho. Duplicaram nesta classe os navios amarrados desde Novembro passado; 89 navios desta dimensão estavam inactivos a partir de 7 de Novembro de 2016 (ver quadro). Este tamanho de navio é muito pequeno para as principais rotas globais e é cada vez mais visto como obsoleto.

Capacidade do navio
Nº de Navios
TEU’s
Média de Idade
< 1.000
63
40.530
16
1.000-2.000
108
148.878
13
2.000-3.000
60
152.019
11
3.000-5.000
89
369.320
9
5.000-8.000
47
291.529
11
8.000-10.000
34
299.026
5
10.000-12.000
13
131.848
3
12.000+
21
282.366
4
Total
435
1.715.516
11
Fonte: Drewry Maritime Research
2- A falência da Hanjin no final de Agosto fez parar a sua antiga frota, o que representa 622.958 TEU’s (ou seja, 36%) da frota total ociosa. Desta frota ex-Hanjin (que inclui navios Panamax já mencionados acima), cerca de 200.000 TEU’s são de navios de capacidade superior a 10.000 TEU’s que foram descontinuados nos serviços transpacíficos e da Ásia-Europa, substituídos por outros existentes de outras operadoras. A bancarrota de Hanjin pode ter criado um salto artificial na frota ociosa, até que alguns navios ex-Hanjin sejam transferidos para outros operadores.
3- É normal que os navios sejam retirados de serviço durante a época de menor procura, pelo que se esperava um aumento da frota ociosa após a época alta de Verão.
4- Mais de 1,1 milhões de TEU’s de frota ociosa (equivalente a 65% do total) são navios pertencentes a proprietários não operadores. Isto não é por acaso e diz-nos algo sobre o actual mercado sobredimensionado. Os operadores, ou afretadores, tendem, em primeiro lugar, a descartar navios afretados e a manter os seus no activo. Muitos navios fretados, anteriormente, com taxas relativamente elevadas não o voltam a ser e juntam-se à frota ociosa.
 A frota ociosa está longe de ser apenas resultado de navios velhos fretados. Mais de 60% da capacidade tem menos de 10 anos de idade. Muitas das antigas unidades foram já desmanteladas, não estão amarradas. A baixa idade da crescente frota parada é uma forte indicação da actual sobrecapacidade.

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