Os exportadores de gado australianos estão relativamente optimistas
para os próximos 12 meses, atendendo ao potencial de diversificação nos
mercados globais, se forem mantidos os padrões australianos de bem-estar animal.
No entanto, a principal organização australiana de bem-estar dos animais, a
RSPCA, não está satisfeita com o comportamento da indústria e do governo até agora,
condenando a expansão do comércio.
Entretanto, o diretor-executivo do Conselho Australiano de
Exportadores de Gado (ALEC) citou novas oportunidades na China e na Arábia
Saudita: "Com novas cadeias de abastecimentos de gado para abate na China,
se forem aprovados os padrões ESCAS, estamos esperançados que o comércio expanda
num futuro próximo, o que deve agregar valor significativo à nossa indústria".
O ESCAS é um sistema de garantia baseado em quatro
princípios:
- Bem-estar animal: a manipulação e o abate de animais no país importador estão em conformidade com as recomendações da Organização Mundial da Saúde Animal sobre o bem-estar dos animais;
- Controlo através da cadeia de abastecimento: o exportador tem o controlo de todos os arranjos da cadeia de abastecimento para o transporte, gestão e abate do gado. Todos os animais permanecem na cadeia de abastecimento;
- Rastreabilidade através da cadeia de abastecimento: o exportador pode rastrear todo o gado através da cadeia de abastecimento;
- Auditoria independente: a cadeia de fornecimento no país importador é auditada de forma independente.
O mesmo responsável dos exportadores disse que as questões
de bem-estar animal em mercados como o Vietname, nos últimos 12 meses, colocaram
na ribalta a responsabilidade das cadeias de abastecimento de gado vivo. As
questões do bem-estar animal descobertas no Vietname resultaram em suspensões e
proibições promovidas por vários exportadores. Em resultado das investigações que
correm no Vietname, mais de 20 instalações já foram suspensas, incluindo instalações
de confinamento e matadouros, o que diz ser um sinal claro de que o sistema ESCAS
resulta, efectivamente.
"A crueldade simplesmente não é aceitável, por isso é
importante que os exportadores australianos continuem o seu trabalho em
mercados emergentes como o do Vietname, onde a nossa presença e os níveis
contínuos de treino e investimento estão a ajudar a uma melhoria, sem
precedentes, no manejo do gado e nas práticas de abate", disse o mesmo
responsável.
Já os defensores do bem-estar dos animais argumentaram que o
facto de existirem violações sistemáticas do ESCAS apenas é a prova de que o
ESCAS, por si só, nunca impedirá o sofrimento dos animais australianos
exportados para o exterior. A organização de bem-estar animal Australiana
observou não-conformidades com os requisitos ESCAS no caso de mais de 700
ovelhas exportadas para Omã, por exemplo.
O último relatório trimestral do Ministério australiano da
Agricultura sobre o desempenho regulatório do ESCAS fornece uma visão sobre o
que a RSPCA chama de estado caótico do mercado vietnamita.
Quinze dos 18 relatórios de incumprimento recebidos durante
o período de seis meses (de Março a Agosto deste ano) diziam respeito ao
Vietname e envolviam milhares de bovinos australianos. Muitos destes animais
foram vendidos fora das cadeias de abastecimento aprovadas e, provavelmente,
encontraram o destino horrível de serem espancados até a morte com marretas,
conforme surge na reportagem da cadeia ABC em junho deste ano, diz a RSPCA.
"Foi, claramente, dada prioridade à expansão do
mercado em detrimento do bem-estar animal. Por isso, temos de colocar a questão
chave: como é que o regulador permitiu que isto fosse acontecer? ", pergunta
a organização de bem-estar animal.Artigo original completo
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