22 de dezembro de 2016

Os exportadores de gado australianos enfrentam preocupações sobre o bem-estar animal

Os exportadores de gado australianos estão relativamente optimistas para os próximos 12 meses, atendendo ao potencial de diversificação nos mercados globais, se forem mantidos os padrões australianos de bem-estar animal. No entanto, a principal organização australiana de bem-estar dos animais, a RSPCA, não está satisfeita com o comportamento da indústria e do governo até agora, condenando a expansão do comércio.
Entretanto, o diretor-executivo do Conselho Australiano de Exportadores de Gado (ALEC) citou novas oportunidades na China e na Arábia Saudita: "Com novas cadeias de abastecimentos de gado para abate na China, se forem aprovados os padrões ESCAS, estamos esperançados que o comércio expanda num futuro próximo, o que deve agregar valor significativo à nossa indústria".
O ESCAS é um sistema de garantia baseado em quatro princípios:
  • Bem-estar animal: a manipulação e o abate de animais no país importador estão em conformidade com as recomendações da Organização Mundial da Saúde Animal sobre o bem-estar dos animais;
  • Controlo através da cadeia de abastecimento: o exportador tem o controlo de todos os arranjos da cadeia de abastecimento para o transporte, gestão e abate do gado. Todos os animais permanecem na cadeia de abastecimento;
  • Rastreabilidade através da cadeia de abastecimento: o exportador pode rastrear todo o gado através da cadeia de abastecimento;
  • Auditoria independente: a cadeia de fornecimento no país importador é auditada de forma independente.

O mesmo responsável dos exportadores disse que as questões de bem-estar animal em mercados como o Vietname, nos últimos 12 meses, colocaram na ribalta a responsabilidade das cadeias de abastecimento de gado vivo. As questões do bem-estar animal descobertas no Vietname resultaram em suspensões e proibições promovidas por vários exportadores. Em resultado das investigações que correm no Vietname, mais de 20 instalações já foram suspensas, incluindo instalações de confinamento e matadouros, o que diz ser um sinal claro de que o sistema ESCAS resulta, efectivamente.
"A crueldade simplesmente não é aceitável, por isso é importante que os exportadores australianos continuem o seu trabalho em mercados emergentes como o do Vietname, onde a nossa presença e os níveis contínuos de treino e investimento estão a ajudar a uma melhoria, sem precedentes, no manejo do gado e nas práticas de abate", disse o mesmo responsável.
Já os defensores do bem-estar dos animais argumentaram que o facto de existirem violações sistemáticas do ESCAS apenas é a prova de que o ESCAS, por si só, nunca impedirá o sofrimento dos animais australianos exportados para o exterior. A organização de bem-estar animal Australiana observou não-conformidades com os requisitos ESCAS no caso de mais de 700 ovelhas exportadas para Omã, por exemplo.
O último relatório trimestral do Ministério australiano da Agricultura sobre o desempenho regulatório do ESCAS fornece uma visão sobre o que a RSPCA chama de estado caótico do mercado vietnamita.
Quinze dos 18 relatórios de incumprimento recebidos durante o período de seis meses (de Março a Agosto deste ano) diziam respeito ao Vietname e envolviam milhares de bovinos australianos. Muitos destes animais foram vendidos fora das cadeias de abastecimento aprovadas e, provavelmente, encontraram o destino horrível de serem espancados até a morte com marretas, conforme surge na reportagem da cadeia ABC em junho deste ano, diz a RSPCA.
"Foi, claramente, dada prioridade à expansão do mercado em detrimento do bem-estar animal. Por isso, temos de colocar a questão chave: como é que o regulador permitiu que isto fosse acontecer? ", pergunta a organização de bem-estar animal.
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