Acredita-se que os próximos 12 meses vão assistir a uma alteração
significativa na composição do sector de seguros marítimos.
Com as actuais baixas taxas de juros e a incapacidade de
aumentar os prémios, as seguradoras temem que a pressão regulatória prometida
pelas autoridades possa tornar-se a gota final para algumas delas, que já pensam
em se retirar do mercado.
O seguro marítimo, ao lado do resto da indústria, sofre de
significativo excesso de oferta em comparação com os riscos que precisam ser
cobertos. A sua atractividade para muitas empresas tem sido baseada na diversificação
de risco e, portanto, se têm mantido e competido por uma parte da quota de
mercado.
Contudo, ao abrigo do regime regulamentar de seguros europeu
Solvência II, os subscritores que inscrevam riscos marítimos têm de incluir
níveis significativos de reservas de capital para poderem responder a potenciais
reclamações.
Ao contrário do seguro automóvel, onde é sempre esperado um
elevado volume de sinistros, mas com valor unitário pequeno, o seguro marítimo lida
com um baixo volume de sinistros, mas de alto valor compensatório. Quando surge
uma participação, os custos serão, provavelmente, significativos e os
seguradores têm que reter o capital para satisfazer aqueles custos.
Após uma década de discussão e debate em toda a Europa, o
regime Solvência II foi finalmente introduzido em Janeiro deste ano. Mas no
mercado, há a convicção que quando os testes de Litmus forem aplicados, nos
próximos meses, quando as seguradoras tiverem de disponibilizar relatórios
individuais de estabilidade financeira, provando que cumprem os seus objectivos
de solvência sob o novo regime, alguns operadores desistirão.
O seguro marítimo é de capital muito intensivo e,
enquanto os principais P&I’s não devem ter grandes problemas dada a sua
força financeira, acredita-se que pode haver alguns de menor dimensão que se
irão questionar sobre o que fazer a partir daqui. Também aqui o cenário de fusões
e aquisições se irá colocar.Artigo original
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