Já ontem dei conta do encerramento das negociações entre a
HMM e a super-aliança 2M, composta pelas todas-poderosas Maersk Line e MSC. Com
o passar do tempo vamos percebendo melhor os contornos do acordo alcançado. Um
deles, talvez o mais importante, é que a sul-coreana não será, afinal, um
membro pleno da rede 2M ao lado da Maersk Line e da MSC. Apenas terá acesso à
rede Leste-Oeste das duas operadoras através de uma "cooperação
estratégica".
As três empresas estiveram envolvidas em negociações desde o
verão, numa altura em que a HMM saía de uma profunda reestruturação da dívida e
em que a sua outra congénere sul-coreana viria a pedir protecção judicial.
É claro que era facilmente entendível que, face à falência
da Hanjin e aos problemas financeiros sobrevividos, a HMM teria muito pouca
força negocial na discussão com as duas maiores linhas do mundo. Para além
disso, com as nuvens negras (de dificuldades financeiras) a pairarem sobre a
cabeça e sem conseguir ganhar a rede asiática da congénere Hanjin (que perdeu
para a Korea Line Corporation) a Hyundai pouco podia oferecer ao conglomerado
2M.
Se a posição de negociação da HMM já era fraca, pior ficou
quando há duas semanas fugas de informação davam quase como garantida a recusa
do acesso de pleno direito à Aliança (o que agora se veio a verificar) e que as
negociações estavam num impasse. Nessa altura voltaram as preocupações com a
continuidade da linha como empresa viável no comércio global, tendo o seu valor
em bolsa caído para valores impensáveis.
Com a notícia agora publicada de um acordo por três anos,
apesar de não haver integração total na rede, os credores da sul-coreana ficam
um pouco “mais confortáveis” do que anteriormente, com a HMM a ter acesso a uma
partilha de slots da rede Leste-Oeste, para o início de 2017. Porém, talvez a
parte mais importante deste acordo “estratégico”, seja que tanto a Maersk como
a MSC irão assumir um número não especificado de navios actualmente afretados
pela HMM.
Resta, agora, saber o que a HMM irá dar em troca. Ainda não
existe informação suficiente que nos permita uma visão mais clara sobre quais
as operações, até agora pertencentes à sul-coreana, irão ser divididas pela
Maersk e pela MSC.
Apesar do facto de que o governo coreano se ter comprometido
a fazer da HMM a sua transportadora de bandeira nacional e apoiar a indústria
de transporte local com triliões de Won, a transportadora sul-coreana ficará,
sempre, “espremida” pelas duas maiores do mundo. É que no actual clima, quando
os carregadores estão com medo de falências dentro das alianças, as hipóteses
de adesão plena ficaram reduzidas a zero. Embora os accionistas e responsáveis
da Hyundai acreditem que, em poucos anos, a linha se possa tornar um membro
pleno no seio da 2M, a verdade é que a o desequilíbrio na dimensão para as
possíveis parceiras é demasiado grande, o que implicará, sempre, um risco
financeiro importante a considerar.
Fonte: www.drewry.co.uk
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