12 de dezembro de 2016

A Hyundai com acesso à rede Leste-Oeste da 2M, mas não será um membro formal da 2M

Já ontem dei conta do encerramento das negociações entre a HMM e a super-aliança 2M, composta pelas todas-poderosas Maersk Line e MSC. Com o passar do tempo vamos percebendo melhor os contornos do acordo alcançado. Um deles, talvez o mais importante, é que a sul-coreana não será, afinal, um membro pleno da rede 2M ao lado da Maersk Line e da MSC. Apenas terá acesso à rede Leste-Oeste das duas operadoras através de uma "cooperação estratégica".
As três empresas estiveram envolvidas em negociações desde o verão, numa altura em que a HMM saía de uma profunda reestruturação da dívida e em que a sua outra congénere sul-coreana viria a pedir protecção judicial.
É claro que era facilmente entendível que, face à falência da Hanjin e aos problemas financeiros sobrevividos, a HMM teria muito pouca força negocial na discussão com as duas maiores linhas do mundo. Para além disso, com as nuvens negras (de dificuldades financeiras) a pairarem sobre a cabeça e sem conseguir ganhar a rede asiática da congénere Hanjin (que perdeu para a Korea Line Corporation) a Hyundai pouco podia oferecer ao conglomerado 2M.
Se a posição de negociação da HMM já era fraca, pior ficou quando há duas semanas fugas de informação davam quase como garantida a recusa do acesso de pleno direito à Aliança (o que agora se veio a verificar) e que as negociações estavam num impasse. Nessa altura voltaram as preocupações com a continuidade da linha como empresa viável no comércio global, tendo o seu valor em bolsa caído para valores impensáveis.
Com a notícia agora publicada de um acordo por três anos, apesar de não haver integração total na rede, os credores da sul-coreana ficam um pouco “mais confortáveis” do que anteriormente, com a HMM a ter acesso a uma partilha de slots da rede Leste-Oeste, para o início de 2017. Porém, talvez a parte mais importante deste acordo “estratégico”, seja que tanto a Maersk como a MSC irão assumir um número não especificado de navios actualmente afretados pela HMM.
Resta, agora, saber o que a HMM irá dar em troca. Ainda não existe informação suficiente que nos permita uma visão mais clara sobre quais as operações, até agora pertencentes à sul-coreana, irão ser divididas pela Maersk e pela MSC.
Apesar do facto de que o governo coreano se ter comprometido a fazer da HMM a sua transportadora de bandeira nacional e apoiar a indústria de transporte local com triliões de Won, a transportadora sul-coreana ficará, sempre, “espremida” pelas duas maiores do mundo. É que no actual clima, quando os carregadores estão com medo de falências dentro das alianças, as hipóteses de adesão plena ficaram reduzidas a zero. Embora os accionistas e responsáveis da Hyundai acreditem que, em poucos anos, a linha se possa tornar um membro pleno no seio da 2M, a verdade é que a o desequilíbrio na dimensão para as possíveis parceiras é demasiado grande, o que implicará, sempre, um risco financeiro importante a considerar.
Fonte: www.drewry.co.uk

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