A 13 de Novembro de 2002, apanhado por mau tempo na Biscaia, o navio-tanque Prestige carregado com 77 mil toneladas de fuelóleo, abre uma brecha no convés/casco de bombordo. Ao Centro de Salvamento de Finisterra, chega o pedido de ajuda. As autoridades espanholas, fazendo tábua rasa dos acordos internacionais sobre porto de abrigo, não só recusam a entrada e assistência ao navio, como exigem que navegue mais para norte, exactamente em direcção ao centro da depressão que provocava o mau tempo. Depois, por pressão das autoridades francesas, a Espanha permite que o navio navegue para Sul, até que Portugal se opôs à sua entrada nas suas águas territoriais, enviando, para o garantir, uma fragata da Marinha de Guerra.
Aliás, em resposta a este acidente, a IMO publicaria, exactamente um ano depois, em Novembro de 2003, a Resolution A.949(23) Guidelines on places of refuge for ships in need of assistance.
Seis dias depois do acidente, o navio acabaria por se partir em dois e afundar, a cerca de 135 milhas da costa da Galiza. Nessa altura, já o fuelóleo havia chegado a algumas praias do norte de Espanha. A costa de Múrcia foi a primeira a sofrer as consequências do desastre ecológico que se seguiu. Estima-se que 100.000 aves tenham morrido, para além das actividades de pesca e de marisco terem sido perdidas durante largos anos.
Foram inúmeras as manifestações populares que se sucederam, incluindo as promovidas pela recém-formada Plataforma Nunca Mais.
Ainda hoje, não são conhecidos os verdadeiros impactos (económico, produtivo, biológico e ecológico) que este derrame provocou, não só nas costas espanholas, mas também francesas e portuguesas. Tampouco são conhecidos os efeitos na saúde dos milhares de voluntários que, durante as primeiras semanas, desempenharam a penosa tarefa de limpar a maré negra das praias e costas rochosas contaminadas – acredita-se que tivessem sido quase 500 mil pessoas que, de forma mais ou menos directa, estiveram expostas à contaminação.
Numa tentativa de “arranjar” culpados, o Supremo Tribunal espanhol procurou condenar o capitão e o chefe de máquinas (gregos) do navio pelo crime de poluição (há cerca de dois anos), mas absolveu os responsáveis que mandaram o navio em perigo para a “morte”.
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