19 de novembro de 2021

UNCTAD: altas taxas de frete prejudicam a recuperação económica

A UNCTAD afirma no seu último relatório-análise que, se o atual aumento nas taxas de frete de contentores continuar, os níveis globais de preços de importação cresceriam 11% e os níveis de preços ao consumidor em 1,5% entre agora e 2023.

Comentando o relatório, a secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan, expressou preocupação com as nações em desenvolvimento:

    “O atual aumento nas taxas de frete terá um impacto profundo no comércio e prejudicará a recuperação socioeconómica, especialmente, nos países em desenvolvimento, até que as operações de transporte marítimo voltem ao normal. Voltar ao normal implicaria investir em novas soluções, incluindo infraestrutura, tecnologia de frete e digitalização, além de medidas de facilitação do comércio”.

De acordo com a UNCTAD, o impacto das altas taxas de frete será maior nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento (SIDS), que podem ver os preços de importação aumentarem 24% e os preços ao consumidor 7,5%. Nos países menos desenvolvidos (LDCs), os níveis de preços ao consumidor poderiam aumentar 2,2%.

A organização alerta que as cadeias de abastecimento serão afetadas pelos custos mais elevados do comércio marítimo. Os itens de baixo valor agregado produzidos em economias menores, em particular, podem enfrentar séria erosão nas suas vantagens comparativas.

Além disso, há preocupações de que os custos de transporte mais elevados sustentados não só possam pesar sobre as exportações e importações, como ainda possam minar a recuperação da manufatura global.

O relatório afirma que as altas taxas sustentadas já estão a afetar as cadeias de abastecimento globais, observando que a Europa, por exemplo, tem enfrentado escassez de bens de consumo importados da Ásia, como móveis para casa, bicicletas, artigos desportivos e brinquedos.

De acordo com o relatório, um aumento nas taxas de frete de contentores aumentará os custos de produção, o que pode aumentar os preços ao consumidor e desacelerar as economias nacionais, especialmente as SIDS e LDCs, onde o consumo e a produção dependem fortemente do comércio.

As altas taxas de frete também terão impacto sobre itens de baixo valor agregado, como móveis, têxteis, roupas e produtos de couro, cuja produção é, frequentemente, fragmentada por economias de baixos salários, bem longe dos principais mercados de consumo; a UNCTAD prevê aumentos de preços ao consumidor de 10,2% sobre estes.

A análise prevê, ainda, aumento de 9,4% em produtos de borracha e plástico, de 7,5% em produtos farmacêuticos e material elétrico, de 6,9% em veículos automotores e de 6,4% em máquinas e equipamentos.

O impacto das altas taxas de frete não será uniformemente distribuído, mesmo dentro da Europa, sendo, porventura, maior nas economias menores.

Sugere-se que os preços possam aumentar 3,7% na Estónia e 3,9% na Lituânia, em comparação com 1,2% nos Estados Unidos e 1,4% na China. Esse diferencial também reflete uma maior “abertura às importações”, a relação entre as importações e o PIB, que normalmente é maior nas economias menores.

Os fabricantes nos Estados Unidos dependem principalmente de abastecimentos industriais da China e de outras economias do Leste Asiático, portanto, as contínuas pressões sobre o custo, interrupções e atrasos no transporte contentorizado prejudicarão a produção, de acordo com este relatório.

Espera-se que um aumento de 10% nas taxas de frete de contentores, juntamente com interrupções na cadeia de abastecimento, diminua a produção industrial nos Estados Unidos e na área do euro em mais de 1%, enquanto na China a produção deverá diminuir 0,2%.

A UNCTAD enfatiza que os custos de transporte também são influenciados por fatores estruturais, incluindo a qualidade da infraestrutura portuária, o ambiente de facilitação do comércio e a conectividade do transporte marítimo, havendo potencial para melhorias significativas.

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