Em 2020, houve uma média aproximada de um incêndio a cada duas semanas a bordo de navios, enquanto o incêndio / explosão permaneceu a terceira causa mais comum de perdas totais de navios (11%) na última década. Esses números recentes da Allianz mostram que o problema persiste, apesar dos esforços coordenados da indústria para minimizar esses incidentes.
O incêndio a bordo continua entre as principais preocupações de segurança para o transporte marítimo, uma vez que, ao contrário de um incidente de incêndio em terra, os marítimos não são capazes de se afastar em caso de tal ocorrência e, portanto, dependem de medidas adequadas de prevenção de incêndio. No entanto, a Safety and Shipping Review 2021 da Allianz revelou que o número de incêndios / explosões resultando em perdas totais de navios aumentou novamente de ano para ano até 2020, tendo atingindo um máximo de quatro anos de 10. O tamanho do navio tem uma correlação direta com o tamanho potencial da perda, enquanto os riscos de incêndio a bordo são comuns na sala das máquinas e nos blocos de acomodações.
1. Derrame de óleo: O derrame de óleo combustível de tubos de alta pressão é o risco mais comum de incêndio a bordo, pois o óleo desses tubos pode cair acidentalmente em áreas de alta temperatura devido à maquinaria envolvida.
2. Falhas elétricas: Deixar itens eletrónicos pessoais sem vigilância poderá, sempre, acarretar riscos, pois já houve casos de dispositivos com defeito (como as baterias), sobrecarga de cabos de extensão e fichas, etc.
3. Carga inflamável: Não é incomum que ocorram incêndios durante o carregamento e descarregamento de cargas específicas, como carvão, bem como de cargas perigosas declaradas em contentores, como carvão auto-inflamável, produtos químicos e baterias.
4. Trabalho a quente: Muitas cargas, incluindo uma ampla variedade de cargas a granel e cargas gerais, podem ser inflamadas por trabalho a quente.
5 grandes incêndios em navios que devemos lembrar
Julho de 2012: MSC Flaminia
Março de 2018: Maersk Honam
Janeiro de 2019: Yantian Express
Março de 2019: Grande América
Maio de 2021: X-Press Pearl
Prevenção de incêndios a bordo: a chave está na tecnologia!
A melhor forma de resolver qualquer desafio é evitá-lo. A indústria parece ter reconhecido a gravidade do problema, especialmente em navios porta-contentores, e está a tomar iniciativas para o enfrentar. Atualmente, um grupo de trabalho da IUMI, sobre segurança contra incêndio em navios porta-contentores, está a trabalhar num esboço de recomendações para a OMI, para melhorar a deteção de incêndio e as capacidades de combate a incêndios a bordo de navios porta-contentores. Num ciclo de aumento de incêndios em navios porta-contentores nos últimos anos, cinco parceiros do Cargo Integrity Group emitiram no ano passado o 'Código CTU - um guia rápido' para servir como roteiro ao Código CTU e ajudar a um entendimento mais amplo das boas práticas de embalagem.
A inovação e tecnologia com o uso de IA e algoritmos sofisticados, bem como o blockchain, revelaram potencial para preencher a lacuna mas, embora sejam iniciativas brilhantes, não parecem suficientes para resolver o problema. Atualmente, o projeto piloto Misdeclaration of Dangerous Goods pelos Maritime Blockchain Labs (MBL) procura avaliar como o blockchain poderia apoiar a documentação adequada e a declaração de mercadorias perigosas. A construtora naval sul-coreana Hyundai Heavy Industries desenvolveu um sistema de alarme de incêndio baseado em IA que ajuda a detetar o início de incêndios de forma mais rápida, enquanto empresas como a Zim, estão a testar o uso de IA para identificar possíveis erros de declaração de carga. Também o uso de operadores de análise de vídeo pode minimizar o risco de incêndio; câmaras de vídeo são amplamente utilizadas em espaços de máquinas a bordo de navios para detetar situações perigosas.
Talvez esses sejam apenas alguns exemplos das oportunidades futuras que a tecnologia pode abrir para a indústria poder enfrentar incidentes de incêndio a bordo. Em qualquer caso, como o Standard Club observou, é vital alguma interação humana para maior monitorização e manutenção tendo em vista a deteção de incêndio.
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