22 de novembro de 2017

O Plano chinês de substituir a energia proveniente do carvão pela de GNL vai pressionar a procura pelo gás

A crónica falta de gás natural está a prejudicar o plano do governo da China de se afastar da queima do carvão para o aquecimento residencial e de escritórios, aumentando a perspectiva de uma maior incidência de poluição no ar neste inverno.
O problema é pior no norte da China, onde a poluição atmosférica causada, principalmente, por décadas de dependência do carvão, reduziu a expectativa de vida em cerca de 5,5 anos, comparando-a com províncias do sul.
A cidade gelada de Harbin, no nordeste da China, que abriga 11 milhões de pessoas, praticamente parou a semana passada, quando os contaminantes no ar eram cerca de 50 vezes o nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Pequim teve a sua própria emergência em Janeiro, quando a poluição do ar foi de 45 vezes o nível aceitável.
A China vê o gás natural como o caminho para o país conseguir um ar mais respirável. As autoridades vieram dizer que o núcleo urbano de Pequim deveria usar apenas gás para aquecimento. Mas a produção doméstica não consegue acompanhar a procura.
As imagens do smog acre sobre Harbin no dia 21 de Outubro foram transmitidas em todo o mundo, depois que as autoridades activaram uma rede de centrais de energia a carvão para aquecimento de grandes áreas habitacionais da cidade.
Apesar da pressa da China em abraçar a produção de energia a partir do gás, o carvão ainda fornece a maior parte das necessidades totais de electricidade no país.
No mês passado foi anunciado um novo plano para combater a poluição do ar, segundo o qual a China reduziria o consumo de combustível fóssil para menos de 65% no abastecimento de energia primária em 2017, em contraste com os 66,8% no ano passado.
O plano também visa aumentar a participação da energia de combustíveis não fósseis para 13%, até final de 2017. A capital, por exemplo, era suposta ter 70% da sua energia a partir de regiões vizinhas, como Shanxi e Mongólia Interior, onde o carvão ainda está em uso generalizado.
No entanto, existem condicionantes importantes na produção de gás doméstica, com atrasos significativos no gasoduto Shaan-Jing IV. Além disso, não é claro que exista gás suficiente dos campos de gás domésticos ou se há que aumentar importações para alimentar as condutas de Shaan-Jing. No passado, a CNPC (Petrochina – empresa estatal chinesa de abastecimento) sacrificou o abastecimento das regiões produtoras de gás para garantir a procura de gás nas regiões próximas da capital. Assim sendo, a importação de GNL torna-se a solução mais viável.
No que diz respeito ao nível nacional, as importações chinesas de GNL totalizarão 20 Mt neste inverno, um aumento anual de 40%. A procura mais elevada que o habitual este ano, resultou que o país importou 70% do programado até Setembro, em comparação com os 50% no período homólogo de 2016. Isso significa que será de esperar uma menor disponibilidade contratada para o inverno o que poderá levar à escassez.

Espera-se, assim, que a procura chinesa por GNL neste inverno venha a afectar os preços de importação. A capacidade de produção de Regas, no norte da China, poderá limitar o impacto no aumento do preço do GNL entre Dezembro e Janeiro. No entanto, um fim de inverno mais frio do que o normal poderá aumentar ainda mais a procura local e o preço global da matéria-prima.

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