A crónica falta de gás natural
está a prejudicar o plano do governo da China de se afastar da queima do carvão
para o aquecimento residencial e de escritórios, aumentando a perspectiva de
uma maior incidência de poluição no ar neste inverno.
O problema é pior no norte da
China, onde a poluição atmosférica causada, principalmente, por décadas de
dependência do carvão, reduziu a expectativa de vida em cerca de 5,5 anos,
comparando-a com províncias do sul.
A cidade gelada de Harbin, no
nordeste da China, que abriga 11 milhões de pessoas, praticamente parou a
semana passada, quando os contaminantes no ar eram cerca de 50 vezes o nível
recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Pequim teve a sua própria
emergência em Janeiro, quando a poluição do ar foi de 45 vezes o nível
aceitável.
A China vê o gás natural como o
caminho para o país conseguir um ar mais respirável. As autoridades vieram
dizer que o núcleo urbano de Pequim deveria usar apenas gás para aquecimento.
Mas a produção doméstica não consegue acompanhar a procura.
As imagens do smog acre sobre Harbin no dia 21 de Outubro foram transmitidas em
todo o mundo, depois que as autoridades activaram uma rede de centrais de
energia a carvão para aquecimento de grandes áreas habitacionais da cidade.
Apesar da pressa da China em
abraçar a produção de energia a partir do gás, o carvão ainda fornece a maior
parte das necessidades totais de electricidade no país.
No mês passado foi anunciado um
novo plano para combater a poluição do ar, segundo o qual a China reduziria o
consumo de combustível fóssil para menos de 65% no abastecimento de energia
primária em 2017, em contraste com os 66,8% no ano passado.
O plano também visa aumentar a
participação da energia de combustíveis não fósseis para 13%, até final de 2017.
A capital, por exemplo, era suposta ter 70% da sua energia a partir de regiões
vizinhas, como Shanxi e Mongólia Interior, onde o carvão ainda está em uso
generalizado.
No entanto, existem condicionantes
importantes na produção de gás doméstica, com atrasos significativos no gasoduto
Shaan-Jing IV. Além disso, não é claro que exista gás suficiente dos campos de
gás domésticos ou se há que aumentar importações para alimentar as condutas de
Shaan-Jing. No passado, a CNPC (Petrochina – empresa estatal chinesa de
abastecimento) sacrificou o abastecimento das regiões produtoras de gás para
garantir a procura de gás nas regiões próximas da capital. Assim sendo, a
importação de GNL torna-se a solução mais viável.
No que diz respeito ao nível
nacional, as importações chinesas de GNL totalizarão 20 Mt neste inverno, um
aumento anual de 40%. A procura mais elevada que o habitual este ano, resultou que
o país importou 70% do programado até Setembro, em comparação com os 50% no
período homólogo de 2016. Isso significa que será de esperar uma menor disponibilidade
contratada para o inverno o que poderá levar à escassez.
Espera-se, assim, que a procura
chinesa por GNL neste inverno venha a afectar os preços de importação. A capacidade
de produção de Regas, no norte da China, poderá limitar o impacto no aumento do
preço do GNL entre Dezembro e Janeiro. No entanto, um fim de inverno mais frio
do que o normal poderá aumentar ainda mais a procura local e o preço global da
matéria-prima.
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