14 de novembro de 2017

Mais ULCVs irão prejudicar as possibilidades de equilíbrio entre a oferta e a procura

Na sequência de um número recente de encomendas de navios de contentores ultra-grandes (ULCV), a consultora de transportes Drewry adverte que a adição de mais navios gigantes à lista de encomendas virá prejudicar a possibilidade de os transportadores atingirem o equilíbrio da oferta e da procura.
Lembra-se que no mês passado as operadoras CMA CGM e MSC entregaram uma nova série de encomendas para navios porta-contentores ultra-grandes (ULCVs) de mais de 18,000 TEU.
Já depois, a Cosco Shipping Holdings anunciou planos para se financiar no valor descomunal de US $ 1,9 mil milhões – através da emissão de novas acções – que serão utilizados para financiar, parcialmente, a compra de 20 novos navios, incluindo 11 unidades com mais de 20,000 TEU e nove mais pequenos, entre os 13.800 e os 14.500 TEU. Por seu lado, a linha coreana Hyundai Merchant Marine (HMM) tem vindo a negar rumores de que planeia mandar construir até 14 navios de até 22,000 TEU.
A esta altura dos acontecimentos, já são vários os problemas que se somam, como restrições de financiamento, sobrecapacidade latente do mercado e a dimensão da carteira de encomendas existente. Por outro lado, a consultora de referência, acredita que o argumento das economias de escala para a imprescindibilidade de encomendas de ULCVs é falso, uma vez que as previsíveis economias de custos no mar serão contrariadas por custos mais elevados em porto.
No ano passado, a Drewry realizou um estudo de simulação dos impactos operacionais e financeiros nas linhas, operadores de terminais, portos e outras partes interessadas da cadeia de abastecimentos, em resposta ao aumento do tamanho dos navios para 18000 TEU. O estudo descobriu que as economias de escala dos meganavios só funcionam na cadeia global de abastecimento se os terminais pudessem aumentar a produtividade de acordo com os aumentos no tamanho dos navios e isso não se verifica. O gráfico mostra a linha de transporte combinada e o pico de economia de custos totais do sistema portuário em apenas 5% dos custos totais da rede, além de que as economias de escala diminuem à medida que os tamanhos dos navios ultrapassam os 18 mil TEUs.
Segundo os analistas, a actual febre de encomendas de meganavios tem mais a ver com o suposto prestígio de ser o maior operador e ultrapassa qualquer razão ou bom senso económico no actual momento de mercado.
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