Olho tapado, perna de pau e dentes dourados são as
características dos piratas das histórias infantis. O tempo passou e a
descrição nada tem a ver com o pirata do século XXI, que ataca barcos no estado
do Amazonas e até no Pará. “Ele é moderno, usa equipamentos e lanchas muito
potentes, armamento pesado e faz parte de grupos grandes e bem organizados”,
revela o presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas
(Sindarma). Os empresários do sector amargam prejuízos de milhões, anualmente,
com os ataques às embarcações.
No passado, os piratas roubavam ouro e especiarias. Hoje, o
alvo preferido são combustível e produtos electrónicos produzidos no Polo
Industrial de Manaus (PIM). A predilecção, segundo o Sindarma, resulta da
procura no mercado ilegal onde são comercializados. Mas também há relatos de
ladrões que roubam embarcações de pequeno e grande porte, como é o caso de ferries.
O objectivo, nestes, será praticar outro tipo de furtos.
O combustível é um produto fácil de roubar, difícil de
identificar e de fácil comercialização. A Amazónia é uma enorme bacia fluvial e
em todo o lado é necessário combustível. Já o electrodoméstico é mais
específico, é um produto que abastece os comércios de pequenas cidades.
A actuação dos bandidos tanto pode ser violenta, resultando
até em mortes, como também silenciosa. Algumas vezes, a tripulação da
embarcação só se dá conta do ataque quando nota a ausência da carga. Por vezes,
terá gente da tripulação envolvida muito embora, a maioria, seja vítima da situação,
tornando-se impotente diante dessas quadrilhas armadas nos rios.
Os locais mais perigosos estão no Amazonas e um pouco além
da fronteira com o vizinho Pará. Os trechos mais críticos são o rio Madeira, na
direcção da capital da Rondónia, Porto Velho, próximo aos municípios
amazonenses de Humaitá e Apuí, onde existe garimpo. Outro local visado pelos
piratas fica, no rio Solimões, entre as cidades de Iranduba e Coari.
Na opinião do sindicato, a solução para os ataques
passa por patrulhamento e sinalização dos rios.Artigo original
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