8 de dezembro de 2016

No Rio Amazonas os piratas são os donos da noite

Olho tapado, perna de pau e dentes dourados são as características dos piratas das histórias infantis. O tempo passou e a descrição nada tem a ver com o pirata do século XXI, que ataca barcos no estado do Amazonas e até no Pará. “Ele é moderno, usa equipamentos e lanchas muito potentes, armamento pesado e faz parte de grupos grandes e bem organizados”, revela o presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas (Sindarma). Os empresários do sector amargam prejuízos de milhões, anualmente, com os ataques às embarcações.
No passado, os piratas roubavam ouro e especiarias. Hoje, o alvo preferido são combustível e produtos electrónicos produzidos no Polo Industrial de Manaus (PIM). A predilecção, segundo o Sindarma, resulta da procura no mercado ilegal onde são comercializados. Mas também há relatos de ladrões que roubam embarcações de pequeno e grande porte, como é o caso de ferries. O objectivo, nestes, será praticar outro tipo de furtos.
O combustível é um produto fácil de roubar, difícil de identificar e de fácil comercialização. A Amazónia é uma enorme bacia fluvial e em todo o lado é necessário combustível. Já o electrodoméstico é mais específico, é um produto que abastece os comércios de pequenas cidades.
A actuação dos bandidos tanto pode ser violenta, resultando até em mortes, como também silenciosa. Algumas vezes, a tripulação da embarcação só se dá conta do ataque quando nota a ausência da carga. Por vezes, terá gente da tripulação envolvida muito embora, a maioria, seja vítima da situação, tornando-se impotente diante dessas quadrilhas armadas nos rios.
Os locais mais perigosos estão no Amazonas e um pouco além da fronteira com o vizinho Pará. Os trechos mais críticos são o rio Madeira, na direcção da capital da Rondónia, Porto Velho, próximo aos municípios amazonenses de Humaitá e Apuí, onde existe garimpo. Outro local visado pelos piratas fica, no rio Solimões, entre as cidades de Iranduba e Coari.
Na opinião do sindicato, a solução para os ataques passa por patrulhamento e sinalização dos rios.
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