23 de outubro de 2016

O que irá significar o Brexit para a Cadeia de Abastecimento do Reino Unido e da Indústria Logística?

Foi há mais de dois meses que o Reino Unido votou pela saída da União Europeia, mas as ondas de choque estão longe de se desvanecer – especialmente, no que diz respeito ao impacto sobre as cadeias de fornecimento globais.
A vitória do Brexit levantou uma série de perguntas cujas respostas irão demorar, bastante, a chegar. Uma das questões é como a economia do R.U. irá funcionar de forma autónoma, completamente separada da concertada na U. E. Será que a perda de privilégios de livre comércio será figurativa, ou literal? Será que os fabricantes e distribuidores irão fugir da Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte para locais mais baratos e mais acessíveis no continente? Irá o Brexit reacender as reivindicações pela independência escocesa, levando ao desmantelamento final do R.U.?
Todas estas questões são de âmbito geral, mas outras prometem ter um impacto mais directo e íntimo no mercado. Particular atenção será colocada sobre a forma como as empresas terão de alterar as suas cadeias de fornecimento para reflectir o corte dos laços económicos e comerciais entre a U.K. e a U. E.
Algumas dessas acções precisam de ser tomadas imediatamente. A principal delas é olhar seriamente para o universo de fornecedores, em especial aqueles que se situam a montante da cadeia. Muitas empresas apenas são conhecidas dos elos de 1º nível, que até agora geria a conectividade com os níveis anteriores. À luz das incertezas desencadeadas pelo Brexit, esta brecha pode custar caro. O momento para o corrigir é agora.
Os peritos vêm afirmando que as empresas do Reino Unido precisam de classificar com prioridades os seus fornecedores essenciais, na Europa, respondendo com critério às seguintes perguntas:
  • Será que os seus fornecedores actualmente baseados no R.U. irão permanecer ou mudar?
  • Que processos terão de ser adoptados pelos seus fornecedores para garantir uma transição bem-sucedida?
  • Será que os seus fornecedores têm os meios financeiros adequados para fazer a transição necessária com êxito?
  • Acredita na condição de saúde e viabilidade financeira dos seus fornecedores?
  • Quanto tempo irão eles demorar a fazer a transição? Meses, ou potencialmente anos?
  • Qual será o custo de transição, em termos de impostos adicionais, tarifas e importações?

É claro que as respostas não são susceptíveis de resposta evidente de forma imediata. Dependem, em grande parte, das negociações a encetar pelos governos do R.U. e os seus homólogos da E.U. Mas as empresas podem, para já e pelo menos, avaliar o impacto da Brexit, na natureza das suas próprias bases de abastecimento.
Da mesma forma, é uma incógnita, neste momento, como se irá a economia europeia adaptar. Provavelmente, surgirá um impulso no mercado imobiliário continental, em resultado de fornecedores e fabricantes da R.U. procurarem localizações alternativas mais próximas dos compradores e mercados finais. Além disso, poderia haver uma deslocação em larga escala de pessoas e de recursos físicos.
Existem diversas localizações para onde poderiam ir. A República da Irlanda, que permanece na U.E., é uma escolha óbvia, dada a proximidade imediata à Grã-Bretanha. Os países do Benelux – Bélgica, Holanda e Luxemburgo – têm uma longa história de servir como um eixo de distribuição de grande parte da Europa. E as nações da Europa Oriental oferecem a atracção de preços de mão-de-obra e de terreno relativamente baixos. Em qualquer caso, acredita-se, que as empresas tenderão a abrir centros de distribuição adicionais para compensar quaisquer desvantagens logísticas decorrentes do estatuto de “sozinho” do R.U.
Mas existem outros membros da U.E. que reclamam a saída. Há movimentos políticos nascentes dentro de vários países que podem fazer exactamente o mesmo, forçar a saída. O mais provável é que eles irão acompanhar, de perto, o impacto do Brexit do Reino Unido, procurando aprender com o exemplo.
Independentemente de como se irá desenrolar o futuro do Brexit, este já é uma realidade. Complacência e inacção serão uma opção inaceitável. Esperar, para ver, poderá levar ao ser tarde demais.
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