O transporte marítimo e a aciaria têm muito em comum. Ambas
são indústrias essenciais, altamente cíclicas e de capital intensivo, que exigem
pesados investimentos feitos com antecedência de anos, geralmente com base em
previsões imperfeitas e, que, nunca foram capazes de adequar a oferta à procura,
de forma eficiente para garantir uma rentabilidade estável. A indústria de
transporte marítimo está cheia de operadoras "zumbis" que permanecem
à tona, apesar de pesadas perdas.
Sendo o aço uma carga fundamental para os navios e para os portos,
quando a economia arrefece, ou são aplicadas sanções comerciais, os embarques
de aço reduzem, pelo que os transportadores e os portos são os primeiros a
sentir o embate económico.
A actual desaceleração do crescimento económico estimulou as
siderúrgicas chinesas a enviar o seu excesso de produção para os Estados Unidos
e Europa, a baixo custo. Sem surpresa, esse facto provocou acções anti-dumping de retaliação, por parte desses
blocos económicos. Os preços baixos do aço têm contribuído para uma oferta
excessiva de navios e conduzido as taxas de frete a níveis insustentáveis, pelo
que as operadoras estão a colocar as suas unidades em lay-up, na esperança do
mercado recuperar.
Apesar das grandes semelhanças, a indústria do aço e a do transporte
diferem num ponto importante. O aço é um bem fungível – se um fornecedor falhar,
há sempre uma outra fonte que pode proporcionar qualidade similar. Embora, nos
últimos anos, tenha sido moda descrever o transporte como uma mercadoria, é
duvidoso que o seja, os muitos clientes da Hanjin Shipping que o digam. O
transporte não é um bem armazenável, imediatamente disponível.
O colapso da Hanjin veio dar relevo aos riscos dos carregadores
em negociar com as operadoras financeiramente instáveis ou com práticas
operacionais medíocres. Perdas de carga, atraso ou avarias são uma enorme
contrariedade para qualquer carregador. A falência da Hanjin veio levantar
muitas questões. Uma, bem interessante, pode ser: será que vai incentivar um
sistema de preços dualizado, em que as melhores operadoras podem cobrar mais
por serviços de qualidade superior? E, se não, porquê?Ler artigo
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