Nos navios petroleiros e de granéis sólidos, a taxa é a taxa. É o que o mercado dita que é. Pode estar abaixo de zero (abaixo dos custos). Pode ser de seis dígitos por dia. Nenhum governo pode intervir. Definitivamente, esse não é o caso do transporte contentorizado.
Taxas recordes a acontecerem na rota Transpacífico e défices de contentores na Ásia chamaram a atenção dos poderosos reguladores governamentais. O Ministério de Transporte e Comunicação da China questionou os representantes de transporte marítimo numa reunião especial, ontem, sexta-feira.
Na sequência dessa reunião, foi expressa apreensão sobre a capacidade de as transportadoras poderem decretar o aumento de tarifas gerais (GRIs) e viagens "em branco" (cancelar escalas e viagens), antevendo reações futuras dos governos.
“A reunião em Xangai era algo que ninguém esperava”, disse Alan Murphy, CEO da Sea-Intelligence, em entrevista ao FreightWaves. “Muita gente tinha planos para o fim de semana que foram cancelados. Ninguém estava disto”. “Penso que as operadoras deverão estar, agora, a ponderar sobre a melhor forma de resolver o problema”, continuou ele. “As operadoras não vão ignorar, com certeza, o sinal das autoridades chinesas. Não o podem fazer…”
A questão está em como a intervenção regulatória – ou, simplesmente, a ameaça de intervenção – poderá mudar o comportamento da gestão da capacidade por parte das operadoras daqui para frente.
“É claramente negativo para a indústria de transporte se a China começar a interferir no mecanismo de preços para as cargas em contentor”, disse Fearnleys.
E não são apenas os reguladores chineses. Numa declaração após uma reunião à porta fechada realizada na quarta-feira, a US Federal Maritime Commission advertiu: “Se houver qualquer indicação de comportamento de qualquer transportadora que possa violar ... a Lei de Navegação, a Comissão ... se necessário ... irá ao tribunal federal para decretar uma liminar para ordenar operação adicional do contrato de aliança não conforme.”
O regulador norte-americano da indústria de navegação disse, ainda, no comunicado de 16 de setembro que iria aumentar seu escrutínio sobre as três principais alianças de transporte de contentores – THE Alliance, 2M Alliance e Ocean Alliance – em resposta a “circunstâncias incomuns e desafios criados pela pandemia COVID-19."
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