O foco em navios ultra-grandes pelas linhas de contentores para gerir a capacidade durante a pandemia Covid-19 está a criar impacto negativo em portos menores, com capacidade de atracação e calado limitados.
Falando num Webinar do Congresso Marítimo Saudita, Tim Power, o diretor-geral da Drewry observou que as linhas de contentores "cortaram cruelmente a capacidade" para preservar as taxas de frete em face da Covid-19.
Jesper Kjaedegaard, membro do conselho e conselheiro do Grupo Macura, explicou que a racionalização de capacidade por parte das linhas se concentrou em manter os navios de contentores ultra-grandes ao serviço. “As transportadoras consolidaram as suas redes maximizando o uso de navios maiores e na devolução (reentrega) do máximo de navios possível no segmento dos 6.000 TEUs”.
Essa alteração tem impacto sobre os operadores portuários e terminais. “O foco em navios maiores teve um efeito significativo na maioria dos portos e centros de transbordo. Muitos portos de entrada foram confrontados com cancelamentos de escala”, explicou ele.
“O resultado final é que menos navios escalarão o porto, e os que o fizerem apresentam-se com um número maior de caixas por navio a serem manuseadas e isso, claro, significa que a dinâmica da competição dentro de uma área portuária pode ser afetada, pois os operadores com cais de maior calado e maior produtividade vão ficar em vantagem em relação aos operadores de terminal com capacidade limitada de atracação e calado para acomodar navios ultra-grandes.
“Assistimos a cada vez menos navios, todavia maiores, entre a Ásia e a Europa. Mas nem todos os portos são capazes de acomodar esses navios de maiores dimensões e calado, pelo que serão marginalizados.”
Olhando especificamente para o impacto na região do Médio Oriente e dos seus portos e terminais, Kjaedegaard explicou: "Portos como Aqaba, Damman, Bahrein e Kuwait sentirão o efeito da mudança para navios maiores, já que esses navios tendem a escalar menos portos, muitas vezes com o objetivo de suspender, ou eliminar, serviços menores servidos por escalas diretas para aqueles portos. Esse facto, leva a uma maior dependência do transbordo e talvez seja por isso que os operadores portuários desta região têm feito investimentos em navios feeder nesta região.”
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