Os cientistas estão perplexos com os incidentes de orcas que têm vindo a abalroar barcos à vela ao longo das costas de Espanha e Portugal.
Nos últimos dois meses, do sul ao norte da Espanha, marinheiros têm enviado pedidos de socorro após encontros preocupantes. Dois barcos perderam parte de seus lemes e pelo menos, um membro da tripulação sofreu hematomas, com o impacto do impacto, sendo vários os barcos que sofreram graves danos.
O último incidente ocorreu na tarde de sexta-feira, 12 de Setembro, perto de A Coruña, na costa norte da Espanha. A Halcyon Yachts estava a reposicionar um barco de 36 pés para o Reino Unido, quando uma orca bateu na popa, pelo menos 15 vezes, de acordo com Pete Green, o diretor-geral da empresa. O barco perdeu o governo e foi rebocado para o porto para avaliar os estragos.
Na mesma altura, houve avisos rádio de avistamentos de orcas 70 milhas ao sul, em Vigo, perto do local de pelo menos duas colisões recentes. Em 30 de agosto, um navio de bandeira francesa comunicou à guarda costeira que estava “sob ataque” de orcas. Mais tarde naquele dia, um iate naval espanhol, Mirfak, perdeu parte de seu leme após um encontro com orcas sob a popa.
Mamíferos sociais altamente inteligentes, as orcas são os maiores da família dos golfinhos. Pesquisadores que estudam uma pequena população no Estreito de Gibraltar dizem-se admirados, afirmando ser normal que sigam um barco de perto, possam, mesmo, interagir com o leme, mas nunca com a força sugerida nestes episódios.
As autoridades marítimas espanholas alertaram os navios para “manterem distância”. No entanto, relatos de marinheiros ao redor do estreito, durante Julho e Agosto, sugerem que isso pode ser difícil – pelo menos um grupo parece estar a perseguir barcos, num comportamento que os cientistas concordam ser "altamente incomum" e "preocupante". É muito cedo para entender o que está a acontecer, mas poderá indicar estresse numa população em risco de extinção.
Em 29 de julho, próximo ao Cabo Trafalgar, Victoria Morris tripulava um barco de 46 pés e foi cercada por nove orcas. Os cetáceos bateram no casco por mais de uma hora, fazendo girar o barco 180 graus, desligando o motor e partindo o leme, comunicando entre si com assobios audíveis.
Parecia, disse ela, “totalmente orquestrado”. No início daquela semana, outro barco na área relatou um encontro de 50 minutos; o capitão disse que a força do golpe "quase deslocou o ombro do timoneiro".
Às 11h30 da noite anterior, o iate de 40 pés do casal britânico Beverly Harris e Kevin Large parou, repentinamente, e depois giraram várias vezes; Harris sentiu o barco “subir um pouco”.
Naquela noite mas mais cedo, Nick Giles pilotava sozinho, quando ouviu um estrondo horrível “como uma marreta”, viu a “sua roda girar com uma força incrível”, desgovernando o seu iate de 34 pés, que girou 180 graus. Ele sentiu o barco subir e disse que foi empurrado, sem governo por 15 minutos.
No dia 23 de Agosto, um bote de borracha que seguia a reboque de um veleiro, perto da Fonte da Telha em Almada, foi atacado de manhã por um grupo de pelo menos duas orcas. Os tripulantes do veleiro, que rumava de Sesimbra para Cascais, podiam ter confundido o bote de borracha com uma outra espécie, uma vez que os animais mostraram sinais de desorientação.
Não se sabe se todos os encontros envolvem o mesmo grupo, mas é provável. A Dra. Ruth Esteban, que vem estudando, extensivamente, as orcas de Gibraltar, acha improvável que mais do que um grupo exiba um comportamento tão incomum.
Alfredo López, biólogo do Coordenador para o Estudo dos Mamíferos Marinhos da Galiza, disse que as orcas têm subido a costa durante todo o mês de Setembro, saindo do Golfo de Cádis para perseguir o atum até o Golfo da Biscaia.
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