A ITF lançou a curta-metragem "Tug Workers Sound the Siren", descrevendo a morte de um dos trabalhadores, bem como um relatório que lança luz sobre "a rápida deterioração da segurança e das condições de emprego, impulsionada pela consolidação e cartelização da indústria por causa do atual comportamento das principais companhias marítimas."
De acordo com o secretário-geral da ITF, Stephen Cotton, o setor de rebocadores e reboques, provavelmente, será a próxima fronteira da crise da cadeia de abastecimentos que ganhou as manchetes dos media ao longo da pandemia de Covid-19, dizendo que as empresas de navegação se estavam a servir cada vez mais da alavancagem adquirida pela consolidação através de 'alianças oceânicas' para reduzir as taxas de rebocagem e rebocadores a níveis inseguros e insustentáveis.
A consolidação no transporte marítimo levou à consolidação na rebocagem: cada vez menos operadores de rebocadores conseguem sobreviver à pressão das tarifas mais baixas e da concorrência no porto. Na Europa, por exemplo, o número de grandes players diminuiu de 10 para apenas três, em menos de uma década, e dois deles são de propriedade de gigantes do transporte marítimo.
O relatório da ITF, Stopping the Race to the Bottom, revela um “ambiente de licitação cada vez mais apertado criado pela procura de descontos por parte das alianças e facilitado por leis laborais fracas que permitem que as operadoras sobrevivam, recuperando custos dos seus orçamentos de manutenção, segurança e mão de obra.”
“Não é de surpreender que os acidentes de trabalho estejam a aumentar em gravidade. Estão a ser mais comuns níveis de tripulação inseguros. Os tempos de descanso legais estão a ser violados. Os níveis de estresse e fadiga dos trabalhadores estão a crescer. A pressão exercida sobre os trabalhadores de rebocagem e rebocadores está a levá-los ao ponto de rotura.
Além disso, no aniversário do encalhe do Ever Given, Yury Sukhorukov, presidente da Secção de Navegação Interior da ITF, disse que a indústria e os governos devem reconhecer o papel dos trabalhadores de rebocagem na manutenção das cadeias de abastecimento mundiais.
“Dado que os rebocadores são necessários sempre que um navio porta-contentores de tamanho médio entra e sai do porto, ou cruza o Canal do Panamá, o custo será enorme se sujeitarmos os trabalhadores do rebocador além do ponto de rotura”
Considerando o exposto, o Sr. Cotton convocou as linhas de contentores, seus clientes, operadores de rebocadores e os reguladores a reunirem com a ITF e suas afiliadas para acordar tarifas sustentáveis para os operadores, vinculadas a condições justas e seguras para os rebocadores.
Para os clientes, desde as companhias marítimas aos investidores, passando pelos CEOs das gigantes de bens de consumo – pedimos que prestem atenção ao apelo urgente por alterações feito pelos rebocadores e respetivos sindicatos. Se as empresas adotarem a devida diligência em direitos humanos, ESG (Environmental, Social and Corporate Governance – Responsabilidade Social Corporativa) e uma verdadeira abordagem de gestão de risco, esta crise não será ignorada.
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