A indústria marítima de
transporte já se apercebeu de que não existem opções fáceis de conformidade
para o limite de enxofre de 2020, ditado pela Organização Marítima
Internacional (OMI). Os proprietários têm vindo a queixar-se de que os
depuradores são uma tecnologia nova, cara e suja, embora possam estar a passar
por uma alteração de última hora no seu pensamento. Por outro lado, queimar
combustíveis com baixo teor de enxofre ou gasóleo marinho (MGO) – tornado padrão
em áreas de controlo de emissões (ECAs) – parece ser a solução mais simples.
No entanto, quando faltam
menos de 18 meses para a entrada em vigor da regulamentação, cresce a preocupação
de que a indústria de refinação não venha a produzir combustível com baixo teor
de enxofre, suficiente para atender à procura, especialmente a um preço
acessível.
"A resposta imediata é
que a oferta não irá suprir a procura", disse Martin Tallett, presidente
da consultoria de energia Ensys e principal autor de um estudo não oficial
sobre a disponibilidade de combustível que foi submetido à OMI, em 2016, para suporte
da sua decisão sobre o limite de enxofre.
A Ensys acredita que o
"volume de troca" – a quantidade de produto que precisaria mudar de
alto para baixo teor de enxofre para permitir os 100% de conformidade – seja de
cerca de 4 milhões de barris por dia (bpd).
Ora, “as refinarias não vão conseguir
atender à procura extra, já que a oferta de petróleo bruto é apenas suficiente para
atender ao diesel produzido actualmente",
disse Kristine Petrosyan, analista sénior de energia da IEA.
Produzir novas misturas de
enxofre a 0,5% dessulfurizando para melhorar o óleo combustível também seria
difícil. "Os custos com essa tecnologia significam que o novo combustível
teria, essencialmente, o mesmo preço ao de produção de diesel", acrescentou ela.
Dois anos após a publicação do
estudo, está tudo na mesma, com apenas 591 navios com depuradores instalados até
29 de Junho, segundo mostram dados compilados pela IHS Markit. Embora o
interesse pela tecnologia tenha aumentado significativamente este ano, até 2020
o número ainda estará bem abaixo do que seria de esperar.
No entanto, há muita
incerteza no mercado, com alguns refinadores a dizer que produzirão misturas, embora
não digam quais... Não há qualquer padrão da Organização Internacional de
Padronização (ISO) para um combustível de bancas de 0,5%, e não haverá até
2020.
Numa coisa existe acordo: o preço do MGO e dos novos combustíveis com
baixo teor de enxofre será significativamente maior do que o actual HFO e mesmo
que o MGO. Por outro lado, a disponibilidade do gasóleo sofrerá um grande
constrangimento, provocando um aumento dos preços do gasóleo de 20 a 30% em
2020. Devido à pressão na alteração do tipo de combustível, os efeitos serão
sentidos muito para além dos combustíveis navais.Fonte
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