A A.P.Moeller-Maersk enfrenta
sérios riscos de não obter lucro este ano, a braços com o aumento dos custos de
combustível e da guerra comercial EUA-China, que promete prejudicar as maiores
empresas de navegação do mundo. A empresa anunciou no início desta semana que
reduziria o seu serviço entre a Ásia e o norte da Europa.
A Maersk, com sede em
Copenhaga, já perdeu quase um terço de seu valor de mercado este ano, com os
investidores a se prepararem para mais más notícias. O proteccionismo comercial
significa menos procura, e a história sugere que a indústria marítima procurará
“fazer pela vida”, provavelmente, com recurso aos cortes necessários na oferta.
Além disso, a Maersk está, hoje, mais exposta à crise da navegação, já que o conglomerado
se desfez dos seus negócios no sector da energia.
Numa entrevista à Bloomberg,
Corrine Png, fundadora e CEO da Crucial Perspective – uma fornecedora de
pesquisa e estudo de mercado em transportes com sede em Singapura – comentou que
as avaliações (ranking) da Maersk,
nos próximos meses, podem ser afectadas pelos investidores, perante o actual excesso
de capacidade da frota.
Ela disse: “É mais difícil
para a Maersk repassar, efectivamente, os custos mais elevados de combustível
de bancas em comparação com o ano passado, aumentando o risco da Maersk vir a
ser, apenas, marginalmente lucrativa na melhor das hipóteses ou, até mesmo,
deficitária no actual exercício financeiro anual completo.
"A Maersk é a segunda
maior transportadora na rota comercial Extremo Oriente-América do Norte, com
15% de participação de mercado, portanto, a queda das exportações da China para
os EUA, devido ao agravamento das tarifas aduaneiras, prejudicará os resultados
financeiros da Maersk".
Nas últimas semanas foram vários
os analistas que reviram em baixa as suas perspectivas sobre a Maersk. A Kepler
Cheuvreux baixou a sua cotação de preço de acções em 9% na semana passada, para
as 12.000 coroas. Já a Jefferies reduziu a sua previsão de preço em 12%, para as
11.500 coroas. Mesmo assim, dos 28 analistas que cobrem a Maersk, apenas um
está a recomendar aos clientes a venda das acções.
Entretanto, a The Alliance cortou
um dos circuitos da linha trans-Pacífico, antecipando o esperado impacto da
guerra comercial EUA-China, segundo afirmações do Director-Deral da Yang Ming
Marine Transport, Vincent Lin, membro dessa aliança de transporte.
Em 12 de julho, a THE
Alliance, que também inclui a Hapag-Lloyd e a Ocean Network Express, anunciou a
suspensão do serviço trans-Pacífico do PS8 a partir do final deste mês. O
serviço passará a ser coordenado com a rota trans-Pacífico PS5 que, actualmente,
usa cinco navios entre os 6.300 e os 7.500 TEU de capacidade.
Segundo Lin, “os fluxos de
carga podem ser afectados pela guerra comercial, embora a procura por bens de
consumo não seja muito alterada. Ainda vemos espaço para crescimento na alta
temporada usual no terceiro trimestre”. O terceiro trimestre do ano tende a ser
o melhor período para o transporte de contentores, uma vez que os comerciantes
nos Estados Unidos e na Europa se costumam abastecer antes do Dia de Acção de
Graças e do Natal.
Outros analistas, porém, enfatizam
não temer que a disputa comercial afunde os volumes de carga, já que a procura por
parte do consumidor permanece estável. Assim, mesmo que os Estados Unidos e a
China reduzam o comércio bilateral, enquanto a procura não reduzir o mercado mudará
o destino para outros países – por outras palavras, o fluxo de bens mudará, embora
a oferta não diminua e, portanto, as companhias de navegação ainda terão muito
mercado a explorar.
Também a linha de transporte
marítimo de contentores Hapag-Lloyd perdeu mais de US $ 1,38 milhar de milhão e
viu as suas acções desvalorizarem 20% desde que reviu em baixa a sua previsão
de lucro na sexta-feira.
Em comunicado, a Hapag-Lloyd
atribuiu as perdas ao "aumento significativo e contínuo nos custos
operacionais desde o início do ano, especialmente no que diz respeito aos
custos relacionados com combustível e taxas de fretamento, combinados com uma
recuperação mais lenta do que a esperada das taxas de frete".
Pelo que vemos, não são só a Hapag-Lloyd e a Maersk a terem problemas de
lucratividade, já que os crescentes preços do petróleo forçaram os analistas a
reduzir drasticamente as expectativas de lucro na indústria para 2018, apesar
do crescimento da procura e das vendas e de algumas das linhas globais terem terminado
o ano de 2017 com fortes ganhos.Fonte
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