17 de julho de 2018

Estaleiros sul-coreanos querem congelamento do preço do aço

A Associação de Construtores Navais da Coreia do Sul (KOSHIPA) pediu aos produtores locais de aço que congelassem qualquer aumento nos preços da chapa de aço para permitir que os estaleiros sul-coreanos permaneçam competitivos em relação aos seus rivais chineses.
Em comunicado divulgado ontem, 16 de Julho, a KOSHIPA disse que as siderúrgicas locais devem evitar elevar os preços da chapa de aço até que os construtores navais sul-coreanos estejam, economicamente, sólidos.
"Qualquer aumento no preço da chapa de aço ameaçará a sobrevivência dos construtores navais sul-coreanos, que enfrentam encomendas em queda e uma concorrência mais acirrada por parte dos estaleiros chineses", surge no comunicado da KOSHIPA.
A KOSHIPA observou que no primeiro semestre de 2018, os preços da chapa grossa de aço aumentaram em KRW 50.000 (US $ 44) por tonelada e devem subir o mesmo valor no segundo semestre do ano. No total, os construtores navais poderão ver os custos de laboração aumentarem em KRW300 bilhões.
Os preços de novas construções têm sido o factor chave na decisão dos armadores de encomendar de entre os estaleiros chineses e sul-coreanos.
Em 2017, a CMA CGM optou pela Shanghai Waigaoqiao Shipbuilding e a Hudong-Zhonghua Shipbuilding para construir nove navios porta-contentores de 22.000 teus. Aquando da consulta, os navios eram os maiores do seu tipo e marcaram um ponto de viragem na rivalidade entre os construtores navais sul-coreanos e chineses. A Hyundai Heavy Industries (HHI) era a que no plano técnico estava mais próxima de ganhar o contrato, mas que acabou por perder devido ao preço.
Já, em Abril deste ano, a petrolífera britânica BP escolheu um consórcio formado pelo grupo de engenharia francês TechnipFMC e a COSCO Shipping Heavy Industry para o projecto e construção de um navio de produção, armazenamento e descarga para o projecto Tortue / Ahmeiyim na Mauritânia e Senegal, em detrimento da HHI, pelos mesmos motivos.
A perda deste pedido poderá significar que, não havendo novas encomendas, a HHI (o maior construtor naval do mundo) fechará, temporariamente, o seu estaleiro offshore em Agosto, após a conclusão da última encomenda em carteira.
Sob pressão para evitar o aumento dos preços das novas construções, os construtores navais sul-coreanos são incapazes de repercutir os custos do aço aos clientes.
Por outro lado, as siderurgias sul-coreanas afirmaram ter honrado os contratos existentes com os construtores de navios, mantendo os preços acordados, apesar do aumento dos custos do minério de ferro e do carvão metalúrgico.
Ansioso por restaurar a lucratividade dos construtores navais, o governo sul-coreano tem fornecido financiamento por meio de créditos públicos, através dos Banco de Desenvolvimento da Coreia e Banco de Exportação e Importação da Coreia. Mais recentemente, foi lançado um veículo de financiamento naval criado e apoiado pelo Estado, a Korea Ocean Business Corporation, para auxiliar os armadores locais na aquisição de navios.
O apoio continuado dos governos aos construtores navais sul-coreanos e chineses tem vindo a provocar polémica, com construtores de navios e funcionários do governo japoneses ameaçando reclamar junto da Organização de Cooperação Económica e Desenvolvimento e da Organização Mundial do Comércio. Também a EU e a OCDE têm vindo a mostrar a sua forte oposição e preocupação pelo que consideram ser ajudas de estado que põem em causa a boa ordem económica e de concorrência internacional.
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