16 de março de 2018

Brexit: portos da UE temem a perda de cargas ro-ro e transbordos

As remessas de veículos entre a Europa continental e o Reino Unido podem enfrentar uma desaceleração acentuada, além de uma profunda alteração no movimento de transbordo de contentores, no caso de um “Hard Brexit” em 12 meses, disseram especialistas alemães.
Uma quebra nos mercados de veículos novos devido à introdução de uma tarifa padrão de 10% sobre as importações de automóveis em ambos os lados causaria, provavelmente, perdas de volume significativas para os principais portos envolvidos no tráfego de curta distância (shortsea), de acordo com o economista alemão Klaus Harald Holocher.
Os portos mais expostos a esta situação são os de Zeebrugge, Flushing, Emden e Cuxhaven, segundo o mesmo economista em conferência de transportes em Bremen nesta semana. Cerca de metade de todos os embarques de veículos de saída de Emden vão para o Reino Unido, disse ele, acrescentando que o porto estava altamente integrado com o mercado do Reino Unido, servindo como um local de armazenamento (entreposto) do inventário da Volkswagen UK. Em Cuxhaven, na foz do rio Elba, a participação dos veículos destinados ao Reino Unido no income portuário é de cerca de 2/3.
As perdas imediatas de carga entre todos os portos alemães, holandeses e belgas podem atingir as centenas de milhares de carros. Um estudo do consultor Deloitte & Touche prevê uma queda na produção de veículos de exportação de 255.000 na Alemanha e 395.000 em fábricas noutros países da UE em 2019 (não esquecendo a Autoeuropa), se acontecer um Hard Brexit.
Por outro lado, os produtores de automóveis japoneses com fábricas no Reino Unido podem decidir mudar para território da União Europeia para evitar que as tarifas afectem as vendas de automóveis no continente. "Tudo depende do tipo de acordos que ainda precisem ser negociados".
As comunidades portuárias em Bremen / Bremerhaven e Hamburgo também estão preocupadas com uma possível redução de operações de transbordo de contentores para portos britânicos como Felixstowe ou Thames Gateway.
Ullrich Hautau, um oficial para assuntos portuários na câmara de comércio em Bremen e membro de um grupo de trabalho criado pela indústria alemã para acompanhar o Brexit, advertiu contra "distorções do mercado" nos custos das escalas portuárias se o Reino Unido cancelasse o esquema da UE de inclusão do transporte marítimo no regime de comércio de emissões de carbono.
Nesse caso, será provável que os custos portuários para as escalas marítimas aumentem mais acentuadamente na UE do que no Reino Unido, o que significa que se tornará mais atraente para as linhas contentorizadas de maior importância fazer passar grandes volumes de transbordo para a Escandinávia e região do Mar Báltico através de Felixstowe, em detrimento de Hamburgo ou Bremerhaven, dois portos alemães tradicionalmente utilizados neste tipo de tráfego.
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