As remessas de veículos entre a Europa continental e o Reino
Unido podem enfrentar uma desaceleração acentuada, além de uma profunda alteração
no movimento de transbordo de contentores, no caso de um “Hard Brexit” em 12
meses, disseram especialistas alemães.
Uma quebra nos mercados de veículos novos devido à
introdução de uma tarifa padrão de 10% sobre as importações de automóveis em ambos
os lados causaria, provavelmente, perdas de volume significativas para os
principais portos envolvidos no tráfego de curta distância (shortsea), de acordo com o economista
alemão Klaus Harald Holocher.
Os portos mais expostos a esta situação são os de Zeebrugge,
Flushing, Emden e Cuxhaven, segundo o mesmo economista em conferência de
transportes em Bremen nesta semana. Cerca de metade de todos os embarques de
veículos de saída de Emden vão para o Reino Unido, disse ele, acrescentando que
o porto estava altamente integrado com o mercado do Reino Unido, servindo como
um local de armazenamento (entreposto) do inventário da Volkswagen UK. Em
Cuxhaven, na foz do rio Elba, a participação dos veículos destinados ao Reino
Unido no income portuário é de cerca
de 2/3.
As perdas imediatas de carga entre todos os portos alemães,
holandeses e belgas podem atingir as centenas de milhares de carros. Um estudo
do consultor Deloitte & Touche prevê uma queda na produção de veículos de
exportação de 255.000 na Alemanha e 395.000 em fábricas noutros países da UE em
2019 (não esquecendo a Autoeuropa), se acontecer um Hard Brexit.
Por outro lado, os produtores de automóveis japoneses com fábricas
no Reino Unido podem decidir mudar para território da União Europeia para
evitar que as tarifas afectem as vendas de automóveis no continente. "Tudo
depende do tipo de acordos que ainda precisem ser negociados".
As comunidades portuárias em Bremen / Bremerhaven e Hamburgo
também estão preocupadas com uma possível redução de operações de transbordo de
contentores para portos britânicos como Felixstowe ou Thames Gateway.
Ullrich Hautau, um oficial para assuntos portuários na
câmara de comércio em Bremen e membro de um grupo de trabalho criado pela
indústria alemã para acompanhar o Brexit, advertiu contra "distorções do
mercado" nos custos das escalas portuárias se o Reino Unido cancelasse o
esquema da UE de inclusão do transporte marítimo no regime de comércio de
emissões de carbono.
Nesse caso, será provável que os custos portuários
para as escalas marítimas aumentem mais acentuadamente na UE do que no Reino
Unido, o que significa que se tornará mais atraente para as linhas contentorizadas
de maior importância fazer passar grandes volumes de transbordo para a
Escandinávia e região do Mar Báltico através de Felixstowe, em detrimento de
Hamburgo ou Bremerhaven, dois portos alemães tradicionalmente utilizados neste
tipo de tráfego.Fonte
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