Cerca de 87%
a 98% dos navios cumprem os regulamentos mais rígidos para as emissões de
enxofre que foram introduzidos no Norte da Europa em 2015, de acordo com investigadores
da Chalmers University of Technology, embora os níveis mais baixos de
conformidade tivessem sido observados na parte oeste do Canal da Mancha e no Mar
Báltico.
O maior teor de
enxofre permitido no combustível foi drasticamente reduzido no final de 2014
para os navios que navegam na Área de Controlo de Emissões de Enxofre (ECA) do
norte da Europa – de 1,00 para 0,10%. Antes disso, estimava-se que as emissões
de enxofre dos navios causassem a morte prematura a 50.000 europeus, por ano.
Agora, os
investigadores da Universidade Chalmers de Tecnologia da Suécia desenvolveram
um novo método para monitorizar, remotamente, as emissões de embarcações
marítimas, para poderem investigar os efeitos das novas regulamentações.
De uma forma
geral, os navios transportam a bordo, tanto o óleo combustível com baixo teor
de enxofre, como o convencional, bem mais barato, utilizando este último muito
antes de passarem pelas estações de medição, porque não são apanhados. É por
isso, que a monitorização aérea é melhor, de acordo com Johan Mellqvist,
professor de detecção óptica remota, responsável pelo trabalho na Chalmers.
O trabalho
foi realizado através da Agência Dinamarquesa de Protecção Ambiental e dos projectos
Compmon e Envisum da UE. Algumas das medições foram feitas usando um avião
sobrevoando a Dinamarca, o Canal da Mancha e o Mar Báltico, enquanto outras
usaram estações de medição fixas na aproximação a Gotemburgo, na Suécia, na
ponte de Oresund (entre Copenhaga e Malmo) e a Great Belt Bridge, no centro da
Dinamarca.
Os
levantamentos aéreos mostram que 13% dos navios na parte ocidental do Canal da
Mancha, perto da fronteira da ECA, violavam os regulamentos de emissão de enxofre
em Setembro de 2016. Para navios junto a Dinamarca, o número diminuía para
6-8%, dependendo do período de tempo.
As estações
de medição fixas na aproximação a Gotemburgo, na ponte de Oresund e na ponte
Great Belt mostram que entre 2 e 5% dos navios que aí passam usam combustível
não conforme. Isso pode ser comparado com as inspecções feitas a bordo que
mostram taxas de não conformidade de cerca de 5% dos navios em porto. Isso pode
indicar que alguns navios mudam para combustíveis menos agressivos já depois de
entrarem na ECA, ou mudam para combustíveis não-conformes muito antes de saírem
da ECA, procurando a conformidade apenas na passagem pelas estações fixas, onde
sabem que serão observados.
Segundo os
especialistas, existe um forte incentivo financeiro para as companhias de
navegação continuarem a usar o combustível de alto teor de enxofre proibido.
Por exemplo, podem economizar cerca de 100.000 euros usando o combustível mais
barato e com alto teor de enxofre, apenas num único sentido de viagem (ou na ida
ou na volta) entre o Reino Unido e São Petersburgo. A totalidade desta rota
está abrangida pela ECA.
Dada a
incerteza em torno da implementação do limite global de enxofre em 2020, (0,50%
m / m depois de 1 de Janeiro de 2020 e fora das ECAs estabelecidas), desconhecendo-se,
ao momento, quais serão as opções viáveis que os armadores irão escolher (ou pelas
que poderão optar – destilados, purificadores, GNL, outros) será muito provável
que a situação de incumprimento venha a piorar. Todas as medidas disponíveis
são muito caras. Os purificadores do ar de escape custam tanto quanto os
motores principais! A menos que melhorem, o retorno do investimento para os
depuradores não é possível. Os combustíveis de menor teor, MGO / ULSFO, também
são muito caros, embora o custo seja compensado por menores custos de
manutenção e reparação, menos mão-de-obra de engenharia e sem descarte de lodo.
Os navios movidos a GNL são ainda mais caros, embora possam tornar-se mais competitivos
no futuro. Até ao momento, não existem outras opções competitivas. O que
podermos esperar, a longo prazo, é que da propulsão de navios irá ser erradicado
o uso de HFO.
E Portugal?
Já se criou legislação específica para a monotorização das emissões, tanto nos
nossos portos, como nas movimentadas águas da nossa costa? E condições
tecnológicas para a efectiva medição e controlo das emissões dos navios que nos
visitam e passam ao largo? Faltam menos de dois anos para a implementação das
novas obrigações da OMI e está tudo “muito calmo” pelas nossas terras da
Lusitânia!
FonteAliás, hoje, a revista Cargo faz eco do nosso fraquíssimo desempenho nestes domínios. No ranking da “Transport & Environment” (T&E), Portugal surge entre as cinco performances europeias mais modestas, com base nas propostas escritas e orais feitas junto da OMI por parte dos países da União Europeia. Grécia, Chipre, Itália e Croácia juntam-se a Portugal nesse leque de cinco países com os indicadores mais frágeis.
Artigo da Revista Cargo
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