Por um lado, o sector dos contentores – ou, pelo menos,
alguns dos seus principais intervenientes – continuam a apelar a uma maior
consolidação, por outro, os carregadores e as autoridades da concorrência vêm
exigir investigações sobre o possível conluio de fixação de preços por parte
das linhas.
A emissão, esta semana, de intimações a vários operadores de
contentores, incluindo as Maersk, MSC, Hapag Lloyd, OOCL e Evergreen pelo
Departamento de Justiça dos EUA para testemunhar em investigação anti truste
não representa, na realidade, uma grande surpresa.
Historicamente, as companhias marítimas têm colaborado na
fixação de preços e no controlo de custos, seja através de conferências ou mais
recentemente de alianças. Nenhuma das duas soluções tem sido muito bem recebido
pelos interesses da carga e, nos últimos tempos, as autoridades costumam decidir
a favor dos carregadores em vez das linhas. Em Julho do ano passado, os
reguladores da concorrência da UE aceitaram uma proposta da Maersk e de 13 concorrentes
para alterarem as suas práticas de preços, a fim de evitar que fossem aplicadas
sanções.
As linhas de transporte marítimo enfrentam custos
aproximadamente semelhantes na operação de navios e nos portos, pelo que o
facto de os fretes deverem apresentar níveis semelhantes, em todo o sector, não
deveria ser surpresa. E, claro, terá de haver o elemento lucro, além da
cobertura dos seus gastos mas, quando as linhas de navegação alegam “pobreza”
devem estar cientes de que a sua contínua encomenda de novos navios, que adiciona
capacidade, acaba por jogar a favor dos investigadores. Se os navios não são
rentáveis, então por que encomendam mais? Esta será a questão (de milhões de
dólares) a que vão ter de responder.
A consolidação pode cortar custos às linhas, mas ela é
conseguida à custa da concorrência e, se a prática seguir o seu curso natural,
o resultado será restarem apenas uma ou duas linhas em operação. Isso
provavelmente não será aceitável para os reguladores da concorrência e poderia
até mesmo resultar em a regulação mais rigorosa das linhas, ficando sujeitas ou,
até mesmo, a serem obrigadas a restringir as suas operações, para permitir a
entrada de concorrentes no mercado.
Ficamos à espera para ver como vai terminar a
investigação dos EUA. No entanto, se as autoridades considerarem a actual situação
como estando a ser estruturada a favor das companhias marítimas e agirem no
sentido de acabar com as alianças (como já alguns acreditam que possa acontecer),
então a recente série de anos fracos para os operadores vai, não só, continuar mas,
até, piorar.Artigo original
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