3 de março de 2017

As fusões marítimas podem representar um risco crescente para as entidades financiadoras

À medida que a consolidação na indústria contentorizada aumenta, os pontos de vista divergem sobre se esta tendência melhorará as perspectivas futuras para alguns dos maiores proprietários de navios porta-contentores ou se, pelo contrário, ficarão piores as perspectivas para todos eles.
O CEO da Seaspan, Gerry Wang, e o Director Financeiro da Costamare, Gregory Zikos, não se mostram preocupados. Segundo eles, a consolidação da indústria de transporte marítimo é útil para o negócio, porque as empresas tornam-se mais fortes trabalhando no seu conjunto. Segundo eles, não existe qualquer mudança fundamental em termos das relações financiadoras/transportadores.
No entanto, a consolidação dos transportadores não está a ocorrer apenas através de alianças. Ela também se verifica de forma significativa através da aquisição e fusão de propriedade que, como é óbvio, está a reduzir o número de fretadores restantes. À medida que o número de potenciais fretadores diminui, devido à consolidação da propriedade, o poder de negociação, penderá mais para os fretadores remanescentes do que para os proprietários dos navios porta-contentores.
“Penso que as alterações estruturais no negócio de transporte marítimo terão um impacto negativo sobre os proprietários de navios de contentores no longo prazo”, disse Mark Whatley, Diretor-Geral do banco de investimentos Evercore, em entrevista à Fairplay. Whatley acredita que, em resultado dessas mudanças estruturais, “poderão surgir maiores dificuldades por parte dessas companhias [proprietárias de navios de contentores], pelo que eu considero que seria racional que algumas delas se consolidassem”.
A questão de como a consolidação dos transportadores afectará os donos de navios porta-contentores também foi levantada na conferência marítima Norwegian-American / Hellenic-American Chamber (NACC-HACC), em Nova York, em 9 de Fevereiro. De acordo com Paul Leand, CEO do banco de investimentos boutique AMA Capital Partners, “possuímos navios porta-contentores, por isso estou contra” [a consolidação dos transportadores].
“Não é nada bom para o lado do negócio de activos”, disse Leand aos participantes da conferência. “O que sucede quando essas consolidações acontecem é que há incríveis economias de escala, em detrimento daqueles que possuem os activos. Preferíamos ter 30 companhias de linha que precisassem de navios porta-contentores, o que tornaria um mercado mais robusto e saudável para aqueles que alugam navios porta-contentores “.
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