5 de novembro de 2016

O gigante da navegação Maersk não afundou, mas está a fazer água…

É difícil pensar em duas indústrias mais pressionadas do que a petrolífera e a do transporte marítimo. O azar da AP Moller-Maersk A / S é estar fortemente envolvida em ambas.
Os investidores estavam à espera de que o pior tivesse passado. Os preços do petróleo e as taxas de frete marítimo começaram, recentemente, a mostrar aumentos, ainda que ténues, e a consolidação no transporte de contentores está, finalmente, em curso. Mas na quarta-feira passada, o optimismo foi abalado quando o conglomerado dinamarquês antecipou que a Maersk Line teria um prejuízo, no presente ano económico, de cerca de 9%.
O reconhecimento da realidade veio, sem dúvida, atrasado. Por isso, o Grupo AP Moller-Maersk A / S está a separar as suas actividades de energia e de transporte para se poder concentrar no último. Enquanto o seu plano possa vir a proporcionar maiores economias de custos e aliviar redundâncias, ele não poderá corrigir o enorme problema de excesso de capacidade na indústria do transporte.
Na sequência da insolvência da Hanjin Shipping Co Ltd, a Maersk aumentou a sua quota de mercado – os seus volumes de tráfego aumentaram 11% no terceiro trimestre, (comparado com o crescimento da procura, na indústria em geral, de cerca de 1,5%). Mas, na verdade, ganhar uma maior quota num negócio não lucrativo será, na realidade, uma coisa assim tão boa?
A Maersk Line apresenta um fluxo de caixa positivo, embora, com prejuízo – apesar de outros estarem a perder mais. A sua estratégia parece ser: cortar custos, impulsionar o crescimento e aumentar a pressão a concorrentes financeiramente mais ameaçados, tentando que eles desistam. O problema é que, embora pouco, os preços do petróleo têm vindo a subir e a Maersk Line corre o risco de perder algo que a estava ajudar suster os seus ganhos: o combustível barato. A sua conta com combustível aumentou, em comparação com o segundo trimestre, o que explica por que as melhores taxas de frete não levaram a um retorno ao lucro.
Assim, porquanto a Maersk não esteja em “perigo de afundar” como a Hanjin, “está a meter água”. As perdas da Maersk Line neste ano totalizam cerca de 229 milhões de USD, até agora. A longo prazo, a consolidação deverá, em teoria, conduzir a uma maior recuperação das taxas de frete, mas será um processo de desenvolvimento lento.
Os aumentos de capacidade na indústria de transporte superaram, de novo, o crescimento da procura no terceiro trimestre, sugerindo que ainda não tenha sido percebida a existência de excesso. Embora as taxas de demolição de navios tenham crescido, ainda estão a ser entregues navios novos e a bolsa de encomendas da indústria cifra-se em cerca de 16% da capacidade actual da frota.
O interessante de tudo isto, é que os activos da divisão de energia do Grupo tivessem feito muito melhor do que divisão de negócios de transporte. Ainda bem, claro. Encontrar interessados em joint-ventures e fusões em activos de petróleo será muito mais fácil se estes forem rentáveis. Mas o facto de o óleo estar a oferecer melhores retornos é paradigmático de que algo se passa no transporte de mercadorias por mar.
E o sinal inequívoco de que algo não corre bem ao gigante escandinavo é o seu comportamento em bolsa, demasiado volátil, e o facto da agência Moody´s ter baixado a notação em finais de Setembro, imediatamente após o anúncio da separação das duas principais divisões de negócio, a energia e o transporte.
Mas, nem tudo são más notícias para a Maersk. A linha foi nomeada “Container Line Of The Year”, um prémio de prestígio dos leitores da Lloyd's Load List, reconhecendo os melhores desempenhos na logística de carga da empresa dinamarquesa durante o último ano, um período profundamente conturbado no sector, como se sabe.
Fontes: Bloomberg, Maersk, GCaptain
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