Com papas e bolos se enganam os tolos, diz o povo na sua
sabedoria comprovada e secular. Nos dias de hoje, certos políticos não descuram
o engenho e arte para nos calar a todos, mesmo quando ficamos, claramente, a
perder. Isto a propósito do desdobrar de entrevistas e declarações da Titular do
Ministério do Mar nos últimos dias. Atendamos às frases que terá dito e que
fazem manchete nos órgãos de comunicação social:
1- “A ministra do Mar revelou que o sector portuário terá
2,5 mil milhões de euros – dois mil milhões destes virão dos privados – nos próximos dez anos”:
Ora bem, se bem percebi esta dinheirama toda é para
distribuir no período de 10 anos. Mas será que o actual elenco governativo
pensa conseguir manter o poder por três legislaturas, se é que vai conseguir
ultrapassar esta primeira?
Mas de investimento público tem 500 milhões (segundo ela).
Como consegue prometer que os privados invistam os tais 2 mil milhões? E em dez
anos? Em quê, concretamente em que portos?
A Sra Ministra falou na necessidade de construir um novo
Terminal de contentores em Leixões (http://www.porto24.pt/cidade/novo-terminal-contentores-leixoes-avancar/),
falou num novo Terminal de contentores em Sines (http://expresso.sapo.pt/economia/2016-10-15-Novo-terminal-de-Sines-causa-desconforto),
referiu, ainda, a premência de um novo Terminal no Barreiro (http://setubalnarede.pt/diario-da-regiao/ministra-diz-novo-terminal-contentores-no-barreiro-deve-decidido-ate-ao-fim-do-ano-13409/).
Peço desculpa, mas para tantos esse dinheiro todo não chega , para mais,
distribuído por 3 legislaturas. Só consegue acreditar quem tem por “mister”
dizer “yes, minister”.
2- “Temos todas as condições para que dentro em breve
possamos ter um crescimento da quota de pesca da sardinha”:
Pois claro que temos. Mas não é pela capacidade negocial do
presente elenco governativo. As entidades científicas europeias já vieram
afirmar que no próximo ano poderiam ser aumentadas as quotas de pesca para,
entre outras, o tamboril, o carapau, a pescada e a sardinha por recuperação de
stocks.
3- “Anunciou ainda uma linha de crédito de 8,5 milhões de
euros “de apoio às empresas de pesca e aquacultura”:
É, realmente, muito pouco. E mesmo assim incidirá sobre que
possíveis beneficiários e cobrirá que tipo de investimento? Novas explorações,
upgrade de outras?
Não está em causa a utilidade e a mais-valia que
representariam as infra-estruturas acima referidas, tampouco o aumento das
quotas de pescado, mas sim toda esta encenação, pois parece querer dar-se a
ideia de haver dinheiro a rodos por aí. A mim, comum marujo, que em tempo andou
ao mar, parecem-me prometimentos sem comprometimentos. Deixo-vos com o resumo
da entrevista que foi publicado pelo “Sol”. Em 30 segundos fica lido, o que diz
tudo!Notícia no Sol
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