16 de novembro de 2016

O aumento dos preços do carvão mineral revitaliza as perspectivas dos países da África meridional

A velocidade de recuperação dos preços do carvão surpreendeu tudo e todos. Desde o início do ano, os preços do carvão térmico mais do que duplicaram; o carvão sul-africano vendido FOB em Richard's Bay saltou de menos de US $ 50 / mt, a meados de Janeiro, para US $ 99,7 / mt a 09 de Novembro.
A retoma parece ter posto fim a uma prolongada queda nos preços da matéria-prima, que viu serem cancelados novos projectos e a sua produção reduzida numa tentativa de reequilíbrio de um mercado fortemente excedentário. Os governos parecem agora empenhados em aproveitar esta oportunidade, especialmente Moçambique e Botsuana.
Estes dois países da África Austral possuem vastos recursos de carvão, mas produziam muito pouco devido à incapacidade de transporte no acesso aos mercados de exportação. No entanto, responderam com rapidez à desaceleração dos preços em 2011, embora de forma muito diferente.
Moçambique já estava comprometido com pesado investimento, pelo que Maputo e algumas empresas de mineração instaladas no país, decidiram pressionar de forma independente, antecipando que os preços acabariam por recuperar (embora a Rio Tinto tenha saído).
Agora, sob liderança da International Coal Ventures Ltd, representantes de importadores indianos de carvão visitaram Maputo nas últimas semanas, para negociar os termos de novas concessões. A Jindal Steel & Power vai retomar a produção de 3,5 milhões de mt / ano na mina Chirodzi e a brasileira Vale irá aumentar a produção na sua mina de Moatize, para 22 milhões de mt / ano.
Estes projectos podem tirar partido das três linhas de caminho-de-ferro que passam pela província de Tete, rica em carvão, em Moçambique, e a liga aos portos da Beira e Nacala, no Oceano Índico.
Em simultâneo, foi assinado um acordo (em Setembro) para a construção de uma nova ferrovia de exportação de carvão do Botsuana para um novo porto carvoeiro, planeado construir em Techobanine, no extremo sul de Moçambique.
Numa altura em que tanto se fala no clima e nos efeitos de estufa, estamos perante uma situação, no mínimo, irónica: ninguém parece muito preocupado com as restrições graduais da poluição do ar e dos padrões de emissão de carbono. Nem os países industrializados que são a causa histórica do aquecimento global, embora precisem da energia, nem os países pobres, como Moçambique e Botsuana, que querem aproveitar esta pequena janela para optimizarem os seus próprios recursos, antes que o uso do carvão se torne insustentável.
Fonte: S & P Global - Platts
Ler artigo completo

Sem comentários:

Enviar um comentário