7 de novembro de 2016

O comércio marítimo teve um crescimento muito pequeno em 2015, segundo a UNCTAD

Os embarques de carga por mar ultrapassaram os 10 mil milhões de toneladas pela primeira vez o ano passado, o que significou um aumento de 2,1% em relação aos 9,8 mil milhões de toneladas de 2014, o ritmo de crescimento mais lento da indústria desde 2009, segundo o Relatório da UNCTAD sobre os Transportes Marítimos, edição de 2016.
O transporte marítimo transportou mais de 80% dos bens transaccionáveis mundiais durante 2015 (em volume) e seu lento crescimento reflecte o estagnado comércio global.
O transporte de petróleo registou o seu melhor desempenho desde 2008, graças aos baixos preços do petróleo, à ampla oferta e a uma procura estabilizada. Mas o crescimento global da navegação foi reduzido pelo limitado crescimento do comércio de commodities (matéria-prima) a granel, em particular o carvão e o minério de ferro, e pelo mau desempenho do transporte de contentores, que transporta cerca de 95% dos produtos manufacturados do mundo.
Apesar deste crescimento lento, a capacidade de carga da indústria continuou a crescer, subindo 3,5%, para 1,8 mil milhões de toneladas de porte bruto em 2015 e atirando as taxas de frete para valores recordes muito baixos.
Segundo algumas conclusões retiradas do relatório, “Com o comércio global a crescer ao seu ritmo mais lento desde a crise financeira, as perspectivas imediatas para a indústria naval continuam incertas e sujeitas a riscos negativos”. "A utilização de navios cada vez maiores está na raiz dos problemas da indústria", acrescenta-se, "não havendo já carga suficiente para encher os navios novos, adquiridos mais recentemente."
A queda da procura da China, os baixos preços das matérias-primas, o excesso de oferta de navios e as incertezas geopolíticas em alguns países produtores de petróleo e gás, somam-se aos actuais riscos negativos que afectam a navegação.
As companhias marítimas têm procurado reduzir os seus custos operacionais construindo e comprando navios cada vez maiores. Mas isso pode inflacionar o transporte para os países em desenvolvimento, onde os custos de transporte já são mais altos do que noutras regiões, diz o Secretário-Geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi. Com navios maiores, os custos totais do sistema sobem, pelo que as nações comerciais mais pequenas estão cada vez mais confrontadas com mercados oligopólicos.
Os países em desenvolvimento representam uma quota cada vez maior do comércio internacional. Em volume, representaram 60% dos bens carregados em navios, em 2015. No mesmo ano, a sua quota de mercadorias descarregadas foi de 62%, bem superior aos 41% de 2006.
Com a excepção de alguns países asiáticos como a China, a maioria dos portos dos países em desenvolvimento carece de infra-estrutura para poderem receber navios maiores. Assim, a menos que invistam significativamente na melhoraria dos seus portos, esses países vão receber menos escalas portuárias, mercados menos competitivos e custos de transporte mais elevados.
Como resultado do crescimento populacional e do potencial comércio marítimo e oportunidades de negócios que podem ser gerados por novos projectos de infra-estrutura de transporte, como a extensão do Canal do Panamá e do Canal de Suez, as perspectivas de longo prazo para o transporte marítimo permanecem positivas. Insta os países em desenvolvimento a identificar possíveis vantagens comparativas em sectores como a construção naval, o registo de navios e a formação de pessoal. Os países em desenvolvimento também podem reduzir seus custos mantendo seus portos competitivos, já que muitas indústrias e empresas desses países poderiam ser muito mais competitivas se seus portos fossem mais eficientes – por exemplo, os atrasos nos portos africanos somam cerca de 10% ao custo dos bens importados e ainda mais às exportações.
No entanto, apesar de tanta má notícia na indústria, quase nos esquecemos da importante conclusão deste relatório: apesar de pouco, o comércio marítimo continua a crescer, oferecendo oportunidades de emprego e crescimento a muitos países.
O relatório está disponível aqui

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