7 de fevereiro de 2022

Iniciativas europeias para restaurar a saúde do Mar Báltico (vídeo)

O Mar Báltico é uma das massas de água mais poluídas do planeta. Várias iniciativas europeias visam ajudar a limpá-lo, para restaurar a biodiversidade local.

A contaminação por excesso de nutrientes causa a proliferação de algas, esgota o oxigénio e torna a água escura e turva. O lixo urbano e os produtos químicos industriais que vão para o mar prejudicam os ecossistemas. A sobrepesca e as alterações climáticas acrescentam outros efeitos negativos no longo prazo. Espécies como o bacalhau do Báltico entraram em colapso e causaram prejuízos à indústria pesqueira da região.

Na Estónia, há uma iniciativa europeia que visa reverter a situação. O projeto CleanEST, cofinanciado pelo programa Life da União Europeia, visa reduzir a poluição nas águas interiores, nomeadamente, nos rios que transportam poluentes para o mar.

"Nos últimos trinta anos, a poluição causada pelos nutrientes no Mar Báltico foi reduzida em cerca de 50%. A nossa preocupação centra-se agora nas substâncias perigosas, lixo marinho, resíduos de drogas, transporte marítimo e espécies exógenas.", afirmou à euronews Mari Sepp, gestor do projeto CleanEST.

O rio Purtse está contaminado com produtos químicos tóxicos de uma antiga fábrica de pneus da era soviética. Foram removidos 14 mil metros cúbicos de solo altamente contaminado, para impedir a propagação da poluição. "O petróleo não ficaria apenas no solo, as substâncias iriam continuar a espalhar-se e a contaminar a água potável das pessoas, nos rios e no mar. O petróleo contém produtos químicos tóxicos e cancerígenos e, quanto mais tempo permanecer no solo, mais se espalha", explicou Olav Ojala, conselheiro do Departamento da Água do Ministério do Ambiente da Estónia.

Para travar a poluição do mar Báltico é necessário identificar e mapear as massas de água contaminadas, para depois as limpar. O fundo do rio Erra, perto da costa do Báltico, no nordeste da Estónia, está coberto com uma espessa camada de petróleo que pode atingir o meio metro e vai ser escavado em breve", disse Vallo Kõrgmaa, especialista do Centro de Investigação Ambiental da Estónia.

A substância pegajosa e com um cheiro desagradável é um resíduo industrial perigoso. Nos tempos soviéticos, a indústria que extraía e processava xisto betuminoso despejava os resíduos não tratados em aterros e rios. As consequências perduram até hoje e são visíveis nas margens do rio.

“As nossas investigações mostram que há cerca de 40 mil metros cúbicos dessa substância no Rio Erra que vai ser retirada e depositada num aterro de resíduos perigosos, para deixar de prejudicar o meio ambiente", afirmou Raimo Jaaksoo, gestor de projeto do Departamento da Água do Ministério do Ambiente da Estónia.

Outra das preocupações atuais, na Europa, é reduzir o impacto da poluição causada pelos fertilizantes agrícolas e pelas águas residuais urbanas.

A título de exemplo, em 2016, em Portugal, apenas 58% das águas residuais urbanas eram devidamente encaminhadas para tratamento, segundo dados citados pela Associação Zero. Para melhorar a situação, estão previstos investimentos através do Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos da Comissão Europeia.

Na Estónia, os lagos da cidade de Rakvere estão a ser objeto de uma experiência que visa reduzir a poluição da água, oferecer novos habitats para a vida aquática e locais de nidificação para os pássaros. Um especialista do projeto europeu CleanEST criou plataformas artificiais que ajudam a purificar a água.

"São o que chamamos de ilhas flutuantes. Basicamente trata-se de uma base sobre a qual colocamos plantas idênticas às que crescem na costa e que limpam a água", explicou Vallo Kõrgmaa, especialista do Centro de Investigação Ambiental da Estónia.

A chamada fitorremediação remove alguns dos contaminantes da água, as plantas agem como um filtro natural. “As raízes das íris produzem um composto que facilita o crescimento de bactérias benéficas. A nossa esperança é que essas bactérias capturem e neutralizem os nitratos, para que se evaporem da água para a atmosfera”, acrescentou Vallo Kõrgmaa.

Em Portugal, quase todos os sistemas de águas subterrâneas estão contaminados com azoto e nitratos, principalmente devido à agricultura e à pecuária, apesar das exigências e recomendações da Diretiva Nitratos da União Europeia, em vigor desde 1991, que visa proteger as águas subterrâneas e de superfície.


 

 

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