24 de fevereiro de 2022

Comércio de Portugal com a Rússia e Ucrânia

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia, que tem vindo a intensificar-se desde outubro, teve impacto nas bolsas internacionais. Mas não só. Portugal, sendo um País pequeno e periférico, está, extraordinariamente, exposto a este tipo de situações. Para começar, e numa situação extrema de agravamento do conflito a uma escala europeia, ou mesmo mundial, não tem marinha mercante (de bandeira) que assegure o nosso comércio externo (no mínimo, o abastecimento de alimentos e energia).

Para já, no que respeita à Rússia e Ucrânia, estes dois países têm, ainda assim, uma expressão relativa e importante no comércio externo português.

No caso da Rússia, as exportações portuguesas rondaram os 270 milhões no ano passado. As nossas principais exportações para este país são produtos agrícolas (só vinho, asseguram 30% das nossas exportações deste produto), madeira e cortiça e máquinas e aparelhagem elétrica.

Já, em sentido contrário, Portugal compra à Rússia sobretudo combustíveis (o gás natural à cabeça), metais (aço e ferro) e produtos químicos. Dados recentes indicam mesmo que, entre 2020 e 2021, Portugal mais do que quintuplicou as suas importações de gás natural proveniente da Rússia, passando Moscovo a ser o nosso terceiro fornecedor de gás natural (garantindo 10,2% das importações de gás), a seguir à Nigéria (49,5%, com 2,8 mil milhões de metros cúbicos) e aos EUA (33,3%, com quase 2 mil milhões de metros cúbicos).

Ou seja, Portugal teve um défice comercial com a Rússia de mais de 800 milhões de euros em 2021. O desequilíbrio no comércio é visível noutro ranking: é o 13º maior fornecedor do país e apenas 37º principal cliente.


Mesmo com uma dimensão menos expressiva no comércio externo, a Ucrânia não pode ser subestimada nos negócios com Portugal. Devemos sublinhar que a Ucrânia (considerada “o silo da Europa”) é o nosso maior fornecedor de milho, bem à frente do Brasil.

Em termos de exportações de bens e serviços tem bem menor peso, ficando-se pelos 79 milhões de euros. Portugal exporta para a Ucrânia sobretudo cortiça, papel e cartão, e vinhos.

Como atrás digo, o milho lidera, de longe, as compras portuguesas à Ucrânia, à frente dos óleos vegetais (com destaque para o óleo de girassol), matérias-primas para incorporação em rações e metais ferrosos (ferro e aço).

Portugal teve, assim, um défice comercial com a Ucrânia de 217 milhões de euros no ano passado.


Na lista das principais empresas portuguesas exportadoras para a Rússia e Ucrânia, salientam-se a Amorim Cork, Nestlé Portugal, BLB - Indústrias Metalúrgicas, Bosch Termotecnologia, CTH Porto - Indústria Alimentar, Italagro - Indústria de Transformação de Produtos Alimentares, Simoldes Aços e a Sogrape Vinhos.

Fonte: AICEP

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