12 de novembro de 2016

A relação entre o excesso de produção de petróleo, o preço da matéria-prima e o valor da taxa de frete dos navios petroleiros

A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê excesso mundial de petróleo em 2017, se não houver corte por parte da OPEP. Já são muitos os navios petroleiros utilizados na tancagem de petróleo, por as instalações de terra estarem cheias, na Europa do Norte.
Se se chegar a 2017 sem uma redução da produção por parte da OPEP, será o terceiro ano consecutivo com níveis de excesso de oferta no mercado de petróleo, podendo-se assistir a um crescimento descontrolado da oferta, disse a AIE na quinta-feira.
No seu relatório mensal sobre o mercado de petróleo, a Agência disse que a oferta global aumentou em 800 mil barris por dia em Outubro, atingindo os 97,8 milhões de bpd, liderada pela produção recorde da OPEP e pela crescente produção de outros países, como a Rússia, Brasil, Canadá e Cazaquistão.
A AIE manteve para 2017 uma sua previsão de crescimento da procura idêntica à actual (1,2 milhões de bpd), tendo em consideração que o ritmo da procura desacelerou de um pico de cinco anos (1,8 milhões de bpd em 2015).
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo reunir-se-á no final de Novembro para discutir uma proposta de corte de produção entre os 32,5 a 33 milhões de bpd, mas a falta de unidade entre os membros levanta dúvidas sobre uma redução significativa. Não havendo acordo, o mercado permanecerá com excesso de oferta e haverá algum risco de nova queda dos preços.
Além disso, com o crescimento económico global mais lento (não há evidências que sugeriram que a actividade económica irá crescer de forma franca), a procura será mais modesta em países de maior consumo anterior, como a Índia e a China, o que significa que a procura geral por petróleo não deve crescer no próximo ano. Desta forma, estimando-se que a produção não-OPEP cresça a uma taxa de 500.000 bpd no próximo ano, isto significará que 2017 poderá assistir a um novo aumento dos stocks.
Quando o valor da matéria-prima baixa e se prevê que num futuro a curo/médio prazo ele volte a subir – algo a que se chama “contango” – por vezes compensa aos “traders” contratarem navios, manterem o óleo, para o vender a melhor preço mais tarde, porque a diferença cobre mais do que o custo de tancagem no navio. Outras vezes, não há espaço para descarregar, o que obriga os navios a esperar. Os actuais stocks em Amsterdão, Roterdão e Antuérpia são os mais elevados, para a época do ano, desde pelo menos 2013, de acordo com dados da Genscape Inc.
Assim, as empresas petrolíferas têm vindo a reservar petroleiros para armazenar até 9 milhões de barris de petróleo bruto no noroeste da Europa, respondendo a sinais de que o espaço em depósitos terrestres está a ficar preenchido, disse um operador de navios. O excesso poderá ser ainda maior, dado que está programado a região receber, no próximo mês, a maior quantidade de carga recebida nos últimos 4 anos e meio.
O CEO da Tankers International, operador da maior pool de superpetroleiros do mundo, referiu haver 14 a 16 Aframax que, actualmente, servem de tancagem de petróleo bruto na região. A falta de capacidade em terra é a causa mais provável desta utilização dos navios. Também, segundo a Tankers International, outros 5 a 10 navios foram fretados para tancagem de petróleo perto de Singapura, na esperança de lucrar com uma (pouco) provável subida de preços do petróleo. Recorde-se que no início do mês o Brent subiu 1,18 USD, no que foi o maior aumento desde Janeiro/Fevereiro.
Assim sendo, muito provavelmente, assistiremos a preços de petróleo bruto com pequenas oscilações e taxas de frete a subir para os navios, já que parte considerável da frota vai estar ocupada, servindo de tanque de armazenagem.
Fontes: gCaptain e Bloomberg

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