A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê excesso
mundial de petróleo em 2017, se não houver corte por parte da OPEP. Já são
muitos os navios petroleiros utilizados na tancagem de petróleo, por as
instalações de terra estarem cheias, na Europa do Norte.
Se se chegar a 2017 sem uma redução da produção por parte da
OPEP, será o terceiro ano consecutivo com níveis de excesso de oferta no
mercado de petróleo, podendo-se assistir a um crescimento descontrolado da
oferta, disse a AIE na quinta-feira.
No seu relatório mensal sobre o mercado de petróleo, a
Agência disse que a oferta global aumentou em 800 mil barris por dia em Outubro,
atingindo os 97,8 milhões de bpd, liderada pela produção recorde da OPEP e pela
crescente produção de outros países, como a Rússia, Brasil, Canadá e
Cazaquistão.
A AIE manteve para 2017 uma sua previsão de crescimento da procura
idêntica à actual (1,2 milhões de bpd), tendo em consideração que o ritmo da
procura desacelerou de um pico de cinco anos (1,8 milhões de bpd em 2015).
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo reunir-se-á
no final de Novembro para discutir uma proposta de corte de produção entre os
32,5 a 33 milhões de bpd, mas a falta de unidade entre os membros levanta
dúvidas sobre uma redução significativa. Não havendo acordo, o mercado
permanecerá com excesso de oferta e haverá algum risco de nova queda dos
preços.
Além disso, com o crescimento económico global mais lento (não
há evidências que sugeriram que a actividade económica irá crescer de forma
franca), a procura será mais modesta em países de maior consumo anterior, como a
Índia e a China, o que significa que a procura geral por petróleo não deve
crescer no próximo ano. Desta forma, estimando-se que a produção não-OPEP
cresça a uma taxa de 500.000 bpd no próximo ano, isto significará que 2017
poderá assistir a um novo aumento dos stocks.
Quando o valor da matéria-prima baixa e se prevê que num
futuro a curo/médio prazo ele volte a subir – algo a que se chama “contango” – por
vezes compensa aos “traders” contratarem navios, manterem o óleo, para o vender
a melhor preço mais tarde, porque a diferença cobre mais do que o custo de tancagem
no navio. Outras vezes, não há espaço para descarregar, o que obriga os navios
a esperar. Os actuais stocks em
Amsterdão, Roterdão e Antuérpia são os mais elevados, para a época do ano,
desde pelo menos 2013, de acordo com dados da Genscape Inc.
Assim, as empresas petrolíferas têm vindo a reservar
petroleiros para armazenar até 9 milhões de barris de petróleo bruto no
noroeste da Europa, respondendo a sinais de que o espaço em depósitos
terrestres está a ficar preenchido, disse um operador de navios. O excesso
poderá ser ainda maior, dado que está programado a região receber, no próximo
mês, a maior quantidade de carga recebida nos últimos 4 anos e meio.
O CEO da Tankers International, operador da maior pool de
superpetroleiros do mundo, referiu haver 14 a 16 Aframax que, actualmente, servem
de tancagem de petróleo bruto na região. A falta de capacidade em terra é a
causa mais provável desta utilização dos navios. Também, segundo a Tankers
International, outros 5 a 10 navios foram fretados para tancagem de petróleo
perto de Singapura, na esperança de lucrar com uma (pouco) provável subida de
preços do petróleo. Recorde-se que no início do mês o Brent subiu 1,18 USD, no
que foi o maior aumento desde Janeiro/Fevereiro.
Assim sendo, muito provavelmente, assistiremos a
preços de petróleo bruto com pequenas oscilações e taxas de frete a subir para
os navios, já que parte considerável da frota vai estar ocupada, servindo de
tanque de armazenagem.Fontes: gCaptain e Bloomberg
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