29 de novembro de 2020

(c/ vídeo) A sobre-exploração dos recursos pesqueiros aumentou

A taxa de populações de peixes que se pescam dentro dos níveis biologicamente sustentáveis diminuiu de 90% em 1974 para 67% em 2015. Já as capturadas fora desses níveis aumentaram de 10% para 33%.

A sobre-exploração dos recursos pesqueiros aumentou no mundo e a percentagem de populações de peixes capturados de forma insustentável passou de 31% em 2013 para 33% em 2015, segundo dados difundidos pela FAO.

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) publicou um relatório bienal que alerta para o deterioramento do estado dos recursos pesqueiros no mundo. O estudo revela que enquanto a taxa de populações de peixes que se pescam dentro dos níveis biologicamente sustentáveis diminuiu de 90% em 1974 para 67% em 2015, as capturadas fora desses níveis seguiram uma tendência inversa: de 10% para 33%.

De acordo com o diretor da FAO, Manuel Barange, há uma “dicotomia” entre os países desenvolvidos, onde a gestão pesqueira está “a funcionar” e as populações estão a recuperar, e os países em desenvolvimento, nos quais a sobrepesca está a aumentar por “falta de recursos”. “Não vamos por um bom caminho”, sublinhou.

Este aumento percentual está a contrariar a meta estabelecida para o desenvolvimento sustentável firmado pelas Nações Unidas para 2030, que procura acabar com a sobrepesca e restaurar as populações de peixes para níveis que possam produzir rendimentos máximos sustentáveis o quanto antes.

Segundo a mesma agência, o consumo global per capita de pescado subiu de 9 kg para 20,5 kg entre 1961 e 2018. O número representa quase o dobro do que cresceu a população mundial e teve maior procura e consumo do que outras proteínas de origem animal, com média anual de crescimento próxima de 1,5% ao ano.

A produção global de peixe atingiu cerca de 179 milhões de toneladas em 2018, com um valor total de vendas estimado em US$ 401 mil milhões. As tendências de aumento, no entanto, esbarram na crise atual gerada pela pandemia, que levou a uma queda de 6,5% na produção pesqueira. Esta baixa foi causada por restrições e escassez de mão-de-obra que resultaram da emergência sanitária.

Segundo os especialistas, os pescados cultivados são mais sustentáveis e baratos, rastreáveis e tão nutritivos quantos os de extração. Por outro lado, o setor acredita que a pandemia trouxe um incentivo para o consumo de produtos mais saudáveis e que a aquacultura, envolvendo peixes, crustáceos, moluscos e outros, deve ter maior alcance junto do consumidor.

 

 


Sem comentários:

Enviar um comentário