25 de fevereiro de 2021

Os pequenos carregadores em dificuldades face às taxas de frete

Os carregadores mais pequenos parecem destinados a arcar com o impacto das taxas de frete mais altas de contentores

As taxas de contrato negociadas entre as linhas e os transportadores começaram a estabilizar, embora o teto permaneça em níveis extremamente elevados.

A Xeneta descreveu o aumento de 5,9% ocorrido em janeiro nas taxas contratadas de longo prazo, de acordo com seu Índice Público XSI, como "esmagado" por um salto de 9,6% em fevereiro. Observou, ainda, que todos os principais corredores de transporte registaram altas acentuadas nas taxas de contrato de transporte.

“A procura por contentores disponíveis é acentuada, bem como o congestionamento nos portos (principalmente nos EUA) e a interrupção causada pelo coronavírus. Isso continua a pressionar as altas taxas, dando às transportadoras uma grande vantagem sobre os carregadores quando se trata de negociações”, disse o CEO da Xeneta, Patrik Berglund.

“As operadoras conseguiram manter as taxas spot sempre elevadas e isso dá-lhes força para negociar contratos favoráveis ​​de longo prazo. Isso coloca os carregadores numa posição de escolha desagradável (dilema). Ou seja, escolher entre correr o risco de apostar no mercado spot e esperar que as taxas baixem, ou fechar contratos e garantir a não disrupção da sua cadeia de abastecimentos, mas a um preço incomportavelmente alto. E, claro, se for um pequeno carregador, há o perigo real de ficar de fora em favor de clientes maiores ou mais lucrativos”, disse ele.

O analista-chefe da BIMCO, Peter Sand, observou, no seu último relatório sobre o mercado de contentores, que as taxas dos contratos estavam, lentamente, a seguir as taxas spot, já que as companhias marítimas procuram garantir o melhor ano possível.

“Na prática, isso traduz-se em maior diferenciação entre o que está a ser oferecido aos carregadores. Os maiores clientes, que as operadoras julgam não poderem perder (ou não quererem), estão mais ou menos vendo os preços dos contratos do ano passado a ser mantidos nos novos contratos”, disse ele.

“No entanto, os carregadores menores (embora até grandes, mas não imprescindíveis para as transportadoras) estão a receber ofertas de taxas de contrato mais elevadas – e, em muitos casos, não estão dispostos a assinar contratos para o ano de 2021, para já.”

Em vez disso, os carregadores mais pequenos têm vindo a optar por extensões temporárias de contrato, até o final do primeiro trimestre, enquanto continuam as negociações por novas taxas de frete mais atrativas para vigorar na contratação do resto do ano.

“Esse é, em especial, o caso das negociações entre o Extremo Oriente, a Costa Oeste dos Estados Unidos e a Europa. Significa isto que, nessas negociações, as taxas de longo prazo, provavelmente, não se manterão tão elevadas como agora, à medida que as extensões temporárias acabem e consigam chegar a um acordo sobre novos contratos de longo prazo. Os novos contratos deverão ter taxas mais elevadas do que as do ano passado, mas deverão ser mais “simpáticas” do que as das atuais extensões temporárias”, comentou Sand.

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