3 de fevereiro de 2021

Até o lixo no mar virou pandémico (vídeo)

Houve uma “janela de esperança ambiental” em resultado do coronavírus – as emissões de carbono foram reduzidas em mais de 4%, muitos mercados de vida selvagem em todo o mundo foram fechados e a qualidade do ar em alguns lugares melhorou ligeiramente. Na China, o encerramento prolongado de fábricas eliminou, temporariamente, a infame poluição atmosférica do país e reduziu significativamente as taxas de poluição.

No entanto, graças ao aumento de materiais descartáveis (não recicláveis) ​​relacionados com a pandemia, como luvas de borracha, embalagens de plástico e máscaras, foram introduzidos mais 30% de resíduos nos nossos oceanos.

A Covid-19 contribuiu para um crash global nos mercados de petróleo. O petróleo e o gás natural (este último já com preços recordes antes da Covid) são as principais matérias-primas utilizadas para fazer o plástico. O seu baixo custo histórico aumentou a disparidade de preços entre materiais alternativos (pensemos na celulose, algas marinhas, etc.) e o plástico virgem, que sempre foi a forma mais barata de embalar produtos. O uso de plástico descartável aumentou em resultado disso e porque os sistemas de reciclagem, por todo o mundo, começaram a falhar, devido às limitações orçamentais provocadas pela pandemia.

Segundo a Ocean Plastics Leadership Network, “Há 129 biliões de máscaras faciais fabricadas todos os meses – o suficiente para cobrir todo o território da Suíça com máscaras faciais no final do ano se a tendência continuar. E muitas dessas máscaras estão a entrar no mar.”

Este aumento drástico no uso de máscaras e luvas, além do declínio dos programas de reciclagem, está a ameaçar a saúde dos mares. As máscaras parecem alforrecas – portanto, comida – para tartarugas e outras criaturas da vida selvagem, segundo os ambientalistas.

Isto é trágico por muitos motivos. Baleias, peixes, aves marinhas, tartarugas e muitos outros animais estão a comer o plástico e a morrer por via disso. Os ecossistemas oceânicos mundiais estão a ser devastados por resíduos plásticos.

A francesa Opération Mer Propre, sem fins lucrativos, cujas atividades incluem a recolha regular de lixo ao longo da Côte d’Azur, fez soar o alarme. Os mergulhadores encontraram o que a organização descreveu como “lixo Covid” – dezenas de luvas, máscaras e garrafas de desinfetante para as mãos sob as águas do Mediterrâneo, misturadas com o lixo usual de copos descartáveis ​​e latas de alumínio.

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