6 de março de 2019

IMO 2020: combustíveis compatíveis ou Scrubbers?


A implementação do limite IMO de 0,50% de enxofre para óleo combustível apresenta-se como um dos desafios mais significativos a todas as partes interessadas no mercado de óleo combustível marinho – do produtor ao consumidor. O período de transição já se iniciou; devem ser tomadas as decisões certas e os planos de implementação precisam ser elaborados.
Tim Wilson, especialista em combustíveis, lubrificantes e emissões de escape do Lloyd's Register, argumenta que, embora as opções nesta fase sejam óleo combustível em conformidade com a nova norma ou óleo combustível com alto teor de enxofre (HSFO), em conjunto com sistemas de limpeza de gases de escape (depuradores) – a escolha certa não é assim tão óbvia e deve ser avaliada com base na operação específica e nos critérios de risco de cada navio.
“Quer se escolham combustíveis compatíveis ou depuradores de gases, o planeamento é fundamental para se cumprir com sucesso o limite de enxofre em 2020”, diz ele.
“Aproximadamente, 50% da frota mundial tem pouca ou nenhuma experiência de operação numa Área de Controlo de Emissões (ECA) e tendo que mudar para a utilização de combustível com baixo teor de enxofre, fazem-no pela primeira vez. O treino e a consciencialização são fundamentais para que essa mudança seja implementada com segurança e eficácia”.
Quais as principais considerações que devem ser pensadas pelos armadores ou operadores que escolherem depuradores de gases?
Sabe-se que estão a ser classificados e montados cerca de 100 depuradores (de 20 fabricantes diferentes) por mês. No entanto, a adequação de um depurador não é uma tarefa fácil, estimando-se que leve, pelo menos, um ano a planear, adequar e montar, atendendo a uma lista vasta de actividades e considerações que os armadores, ou operadores, devem tomar antes de optarem por esta opção. Esta opção vai depender do tipo de navio e de outros factores de influência, além do tempo necessário para considerar a viabilidade de ajustar um depurador à construção e distribuição dos elementos mecânicos da instalação propulsora a bordo.
Se um armador ou operador tiver optado por instalar um depurador, precisará de uma abordagem rigorosa e ajustada para seleccionar o tipo correcto de fabricante e de depurador, como as avaliações estruturais necessárias para a sua adequação e montagem, antes de escolher um sistema específico para cada navio. Também é importante ter em conta o tempo que o navio terá de ser parado durante a instalação, com as implicações operacionais e financeiras associadas a essa paragem.
Finalmente, vale a pena notar que algumas autoridades portuárias anunciaram, por todo o mundo, recentemente, a proibição da descarga de água de lavagem associada à configuração de lavagem em ciclo aberto, bem como a descarga de quaisquer arranjos de purga em circuito fechado, pelo que os navios equipados com sistemas de circuito aberto serão obrigados a utilizar combustíveis compatíveis <0,50%.
Quais as principais considerações que devem ser pensadas pelos armadores ou operadores que utilizem combustível compatível?
Nas operações fora das Áreas de Controlo de Emissões (ECA’s), o limite de enxofre resultará num aumento nas formulações de combustíveis oferecidas, havendo incerteza sobre o grau de diversidade dessas mesmas formulações. Assim, os armadores e operadores irão precisar de considerar os ajustes estruturais e processuais necessários de fazer a bordo.
Esses ajustes significam desenvolver esforços significativos para segregar e evitar a mistura de combustíveis – os especialistas do sector alertam que a mistura de bancas pode implicar um alto risco de desestabilização dos combustíveis (condições de risco de incêndio ou explosão). Na maioria das situações, a tripulação não consegue avaliar, facilmente, o grau de risco de isso acontecer até que o combustível esteja a bordo, tornando a segregação de bancas de importância vital.
O próximo passo será gerir a diversidade das viscosidades dos combustíveis e gerir qualquer incompatibilidade observada entre as diferentes bancas a bordo: se as tripulações precisarem de misturar, será fundamental saberem calcular os índices envolvidos e quaisquer potenciais propriedades resultantes dessa mistura. É, portanto, necessário um plano proactivo de gestão de mudança de combustível para cada navio – uma abordagem do tipo  "Planear, fazer, verificar, agir".
Fonte: BIMCO, “Compliant Fuel or Scrubbers”, By Mette Kronholm

Entretanto, ciente da importância da aplicação deste importante Regulamento IMO 2020, o COMM – Clube dos Oficiais da Marinha Mercante leva a efeito o Seminário intitulado “DESCARBONIZAÇÃO – O Maior Desafio Tecnológico do Shipping (impactes tecnológicos e sociais), sendo o orador convidado o Sr. Professor Doutor Jorge Antunes.
O Seminário realizar-se-á no Auditório COMM, na Travessa de São João da Praça, nº 21, em Alfama, Lisboa, com início programado para as 17 horas.
A entrada será livre, embora careça de inscrição prévia pelo endereço electrónico secretaria.comm@gmail.com, pelo telefone nº 218 880 781 ou pelo telemóvel nº 913 421 221.
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