A implementação do limite IMO
de 0,50% de enxofre para óleo combustível apresenta-se como um dos desafios
mais significativos a todas as partes interessadas no mercado de óleo
combustível marinho – do produtor ao consumidor. O período de transição já se
iniciou; devem ser tomadas as decisões certas e os planos de implementação
precisam ser elaborados.
Tim Wilson, especialista em
combustíveis, lubrificantes e emissões de escape do Lloyd's Register, argumenta
que, embora as opções nesta fase sejam óleo combustível em conformidade com a
nova norma ou óleo combustível com alto teor de enxofre (HSFO), em conjunto com
sistemas de limpeza de gases de escape (depuradores) – a escolha certa não é
assim tão óbvia e deve ser avaliada com base na operação específica e nos
critérios de risco de cada navio.
“Quer se escolham
combustíveis compatíveis ou depuradores de gases, o planeamento é fundamental
para se cumprir com sucesso o limite de enxofre em 2020”, diz ele.
“Aproximadamente, 50% da
frota mundial tem pouca ou nenhuma experiência de operação numa Área de
Controlo de Emissões (ECA) e tendo que mudar para a utilização de combustível
com baixo teor de enxofre, fazem-no pela primeira vez. O treino e a consciencialização
são fundamentais para que essa mudança seja implementada com segurança e
eficácia”.
Quais as principais
considerações que devem ser pensadas pelos armadores ou operadores que
escolherem depuradores de gases?
Sabe-se que estão a ser
classificados e montados cerca de 100 depuradores (de 20 fabricantes
diferentes) por mês. No entanto, a adequação de um depurador não é uma tarefa
fácil, estimando-se que leve, pelo menos, um ano a planear, adequar e montar,
atendendo a uma lista vasta de actividades e considerações que os armadores, ou
operadores, devem tomar antes de optarem por esta opção. Esta opção vai
depender do tipo de navio e de outros factores de influência, além do tempo
necessário para considerar a viabilidade de ajustar um depurador à construção e
distribuição dos elementos mecânicos da instalação propulsora a bordo.
Se um armador ou operador
tiver optado por instalar um depurador, precisará de uma abordagem rigorosa e
ajustada para seleccionar o tipo correcto de fabricante e de depurador, como as
avaliações estruturais necessárias para a sua adequação e montagem, antes de
escolher um sistema específico para cada navio. Também é importante ter em
conta o tempo que o navio terá de ser parado durante a instalação, com as
implicações operacionais e financeiras associadas a essa paragem.
Finalmente, vale a pena
notar que algumas autoridades portuárias anunciaram, por todo o mundo, recentemente,
a proibição da descarga de água de lavagem associada à configuração de lavagem
em ciclo aberto, bem como a descarga de quaisquer arranjos de purga em circuito
fechado, pelo que os navios equipados com sistemas de circuito aberto serão
obrigados a utilizar combustíveis compatíveis <0,50%.
Quais as principais
considerações que devem ser pensadas pelos armadores ou operadores que utilizem
combustível compatível?
Nas operações fora das Áreas
de Controlo de Emissões (ECA’s), o limite de enxofre resultará num aumento nas
formulações de combustíveis oferecidas, havendo incerteza sobre o grau de
diversidade dessas mesmas formulações. Assim, os armadores e operadores irão
precisar de considerar os ajustes estruturais e processuais necessários de fazer
a bordo.
Esses ajustes significam
desenvolver esforços significativos para segregar e evitar a mistura de
combustíveis – os especialistas do sector alertam que a mistura de bancas pode
implicar um alto risco de desestabilização dos combustíveis (condições de risco
de incêndio ou explosão). Na maioria das situações, a tripulação não consegue
avaliar, facilmente, o grau de risco de isso acontecer até que o combustível
esteja a bordo, tornando a segregação de bancas de importância vital.
O próximo passo será gerir a
diversidade das viscosidades dos combustíveis e gerir qualquer
incompatibilidade observada entre as diferentes bancas a bordo: se as
tripulações precisarem de misturar, será fundamental saberem calcular os
índices envolvidos e quaisquer potenciais propriedades resultantes dessa
mistura. É, portanto, necessário um plano proactivo de gestão de mudança de
combustível para cada navio – uma abordagem do tipo "Planear, fazer, verificar, agir".
Fonte: BIMCO, “Compliant Fuel or
Scrubbers”, By Mette Kronholm
Entretanto, ciente da
importância da aplicação deste importante Regulamento IMO 2020, o COMM – Clube
dos Oficiais da Marinha Mercante leva a efeito o Seminário intitulado
“DESCARBONIZAÇÃO – O Maior Desafio Tecnológico do Shipping (impactes
tecnológicos e sociais), sendo o orador convidado o Sr. Professor Doutor Jorge
Antunes.
O Seminário realizar-se-á no
Auditório COMM, na Travessa de São João da Praça, nº 21, em Alfama, Lisboa, com
início programado para as 17 horas.
A entrada será livre, embora careça de inscrição prévia pelo endereço
electrónico secretaria.comm@gmail.com, pelo telefone nº 218 880 781 ou pelo telemóvel nº 913 421 221.Saber mais sobre o Seminário
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