12 de setembro de 2021

Vídeo: Por que chamamos “ponte” ao centro de comando de um navio

                                       

Todos nós sabemos o que são pontes, correto? São assim chamadas porque preenchem uma lacuna entre dois lugares sobrelevados. Mas, por que chamamos o centro de comando de navios um nome que nada tem a ver com essas estruturas?

A razão é histórica. Para perceber, voltemos ao tempo dos primeiros dias da vela, quando os navios eram bem menores e, claro, governados por um leme.

O leme estava ligado a uma cana do leme operada por um timoneiro. O termo timoneiro traduz-se como "um servo do barco". A área que abrigava o leme tornou-se popular pelo nome de cabine, já que era literalmente o poço onde os controlos do barco estavam localizados. O uso do termo "cockpit" continua ainda hoje como a área de qualquer veículo onde os controlos estão localizados. A cabine de um avião comercial é provavelmente o exemplo mais conhecido. Percebemos, então, qual a razão pela qual a cabine dos aviões (cockpit) recebeu essa designação. Por que não nos navios?

Nos navios, com o passar do tempo, a cana do leme foi substituída por uma roda. Em vez de estar diretamente ligada ao leme, ela está conectada por intermédio de cabos e polias. Isso deu à "roda" a vantagem de poder ser deslocada da popa do navio para qualquer outro local.

Ao mesmo tempo, as construções dos navios também foram alterando. Os navios começavam a ficar cada vez maiores e os seus cascos passaram a ser cobertos por um número maior de conveses. O convés superior era o que cobria todo o navio, conhecido como convés principal. Aquele que nos interessa, entretanto, é o convés de popa (castelo), aquele à ré do mastro principal. Era esse convés onde costumava estar a roda de leme do navio.

Ao contrário dos barcos mais antigos, o timoneiro não era o encarregado de todo o navio. Ele agora estava sob o comando do Mestre ou do Capitão. O capitão daria ordens e o timoneiro executaria essas ordens. Todo o arranjo de controlo tinha crescido em tamanho e complexidade em relação aos primeiros dias de navegação. Agora, adicionamos um capitão e o leme do navio, isto para não mencionar os outros oficiais, vigias e uma tripulação cada vez maior. Apesar do crescimento, o arranjo ainda permanece idêntico, principalmente no que concerne à localização numa parte significativa nos navios de hoje.

O perfil elevado do tombadilho significava que o capitão podia caminhar, obtendo uma boa visão de todo o navio, bem como dos mares ao redor do navio. Ele poderia dar ordens verbais ao timoneiro, enquanto se deslocava por ali.

A partir de determinado momento, a roda foi cercada por uma pequena estrutura que ficou conhecida como “casa do leme”. O timoneiro estaria dentro da casa do leme, mas o capitão, frequentemente, ficaria do lado de fora, preferindo ter uma visão mais ampla à sua volta. Também era mais fácil daí dirigir a outra tripulação nos afazeres complementares, como o ajustar das velas, canhões, âncoras e todo o restante equipamento do navio.

Como se lembrarão, casa do leme é outro dos termos que ainda hoje continua em e que corporiza a sala que abriga os controlos de uma embarcação. Com o passar do tempo, ocorreram avanços tecnológicos e, de entre eles, a energia eólica acabou por dar lugar ao vapor. As velas foram substituídas por pás e o primeiro navio a vapor de pás surgiu. Esses navios são reconhecidos pelas suas gigantescas rodas em ambos os bordos. As rodas giravam e impulsionavam o navio. No entanto, tal como todos os navios eram governados por um leme, pelo que o arranjo geral de uma casa de leme também se aplicava.

A roda era operada pelo timoneiro que recebia as ordens do capitão, mas agora havia um problema. Da posição tradicional do capitão, no convés superior, a vista agora estava um tanto obstruída pelas caixas das pás. O capitão ainda podia dar as ordens, mas não conseguia ver, claramente, para onde o navio estava a navegar, devido aos obstáculos visuais nas laterais.

A solução óbvia seria subir no topo de uma das caixas de pás para ter uma visão geral. No interesse da eficiência, foi construída uma "ponte" que ligava as duas caixas de pás. O que começou como uma ponte no sentido mais literal, tornou-se a "ponte" do navio como hoje a conhecemos. O capitão poderia comandar o navio da ponte, enviando ordens de governo para a casa do leme e ordens de motor para os maquinistas.

Com o passar do tempo, as pás deram lugar às hélices (já vamos pelos ipods e jatos), mas o conceito de “ponte” permaneceu.

Abaixo um vídeo que detalha o que aqui dizemos:

 


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