Os restos mortais do capitão italiano serão finalmente devolvidos à sua família na Itália na próxima semana, em 15 de junho, confirmou a companhia marítima Evergreen em comunicado de imprensa.
Quase dois meses desde a morte do capitão italiano a bordo do porta-contentores de 5.090 TEU “Ital Libera”, a sua família ainda não conseguiu organizar o funeral devido às autoridades portuárias asiáticas se recusarem a aceitar o navio que foi atingido por um surto de Covid-19.
O capitão Angelo Capurro, de 61 anos, morreu no dia 13 de abril em águas indonésias após contrair a Covid-19. Outros tripulantes do navio, construído em 2009 e afretado pela Evergreen, também contraíram o vírus, embora sem consequências mais graves, quando navegavam para Singapura, vindos de Durban.
No intervalo de 10 semanas desde a morte de Capurro, uma série de portos asiáticos negaram o acesso do navio. Foi, entretanto, declarada força maior e o navio foi desviado para ir primeiro até Itália, a fim de repatriar o corpo do capitão.
A situação desesperante a bordo levou a família de Capurro a lançar uma arrecadação de fundos no GoFundMe na tentativa de conseguir fazer com que ele voltasse a solo italiano.
Este macabro acontecimento vem, uma vez mais, provar que ninguém, das autoridades mundiais (a começar pela ONU) aos industriais, seguradoras e tantos outros interessados no negócio e nos seus próprios interesses económicos, na realidade se importa com os escravos que mantém o comércio global a funcionar. Há pouco mais de uma semana ardeu e afundou o “X-Press Pearl” que viu negada a sua entrada por vários portos para poder desembarcar um contentor que estava a verter ácido nítrico, que ao fim de 15 dias pegou fogo e feriu dois tripulantes. Todos falam, poucos (ou nenhuns) tomam ação!
Existe qualquer coisa de mórbido nesta industria. Convive bem com o egoísmo social.
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