11 de junho de 2021

Crise do Suez foi aperitivo. A congestão chega da China!

O congestionamento nos portos de carga contentorizada no sul da China está a piorar à medida que as autoridades intensificam as medidas de desinfeção por razão de um surto de casos de COVID-19, causando a maior acumulação desde, pelo menos 2019.

Mais de 150 casos de coronavírus foram relatados na província de Guangdong, um importante centro industrial e exportação no sul da China, desde a última onda de casos ocorrida no final de maio, levando os governos locais a intensificar os esforços de prevenção e controlo que limitaram a capacidade de processamento do porto. Estas mais recentes restrições provocadas pela Covid na China geraram uma reação em cadeia, dificultando o transporte de camiões entre terminais de contentores no Delta do Rio das Pérolas (PRD).

Os portos de Guangdong, incluindo Yantian, Shekou, Chiwan e Nansha, emitiram avisos esta semana suspendendo a entrada de navios nos portos sem reservas antecipadas e só aceitarão reservas de contentores para exportação dentro de três a sete dias antes da chegada dos navios.

No decorrer do já severo congestionamento em Yantian – neste momento “pior que o Suez” – e a espalhar-se aos portos vizinhos de Shekou e Nansha, as novas regras de obrigação de teste para os motoristas de camião estão a tornar a vida ainda mais difícil para aqueles que vêm do sul da China. Atualmente, o porto de Nansha exige um teste negativo 48 horas após a entrada.

Acrescente-se que o porto de Yantian não permite que um motorista que tenha estado em Nansha entre no seu terminal, segundo informação da autoridade local. Concluindo, o número de motoristas disponíveis é extremamente limitado.

Enquanto isso, o número de alterações de programação e cancelamento de escalas nos portos continua a aumentar rapidamente. Por exemplo, a lista de navios da Maersk atingidos passou de 40 para 64 apenas nos dois últimos dias.

Mesmo havendo imensos terminais [no PRD] e com as operadoras a ser lestas a desviar, os fluxos de carga acabam por bloquear os terminais, pelo que qualquer motorista preso numa fila só tem uma única opção: esperar. Por causa disso, os feeders, barcaças e todo o planeamento de rede estão a perder a janela de embarque.

Lars Jensen, CEO da Vespucci Maritime, disse que até ontem teriam sido afetados 153 e suspensas 132 escalas completas na região, comparando aos “apenas 87 navios” diretamente afetados pelo bloqueio do Canal de Suez que durou seis dias.

Enquanto a China intensifica as suas medidas contra a Covid, em cenas que lembram o surto de Wuhan no ano passado, Jensen também alertou sobre o potencial de mais interrupções no transporte marítimo.

“Sendo realista vaticinar um risco de novos casos [Covid] poderem aparecer noutros lugares da China, como Xangai, Ningbo, Tianjin ou outras áreas portuárias importantes, a acontecer, a interrupção dos cronogramas de embarque tomaria proporções dantescas”, acrescentou.

Entretanto, as taxas de frete de contentores da China para a Europa subiram para um recorde de US $ 11.037, por contentor de 40 pés esta semana, causado pelos congestionamentos na cadeia de abastecimento e pelo aumento na procura de bens de consumo e alguns efeitos colaterais ligados ao bloqueio provocado à rotação dos navios, tal como sucedeu no Canal de Suez em março. Aliás, vários são os corretores de carga que antevêem o frete a aproximar-se de 20 mil USD's por FEU se a situação se prolongar por mais uma semana.

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