14 de junho de 2021

Congestionamento portuário chinês colapsou cadeia de abastecimento

Os carregadores estão a enfrentar “a tempestade perfeita”, já que o setor de logística entrou num "caos de interrupções sem precedentes", com portos paralisados ​​pelo grave congestionamento, à medida que o problema enfrentado pelo porto chinês de Yantian se espalha aos outros.

Os atrasos nas exportações chinesas, que aumentaram para 16 dias, ou mais, para os navios que não cancelaram a escala em Yantian, ameaçam um impacto significativamente pior do que o bloqueio do Canal de Suez em março.

De acordo com Alex Hersham, CEO e cofundador da empresa de tecnologia de cadeia de abastecimento Zencargo, o efeito indireto de Yantian, que tem operado a apenas 20% da produtividade normal devido a um surto de casos positivos de Covid-19, será fortemente sentido nas próximas semanas por retalhistas e consumidores.

“A falta de contentores e os atrasos afetarão, seriamente, a capacidade das empresas de entregar aos clientes”, disse Hersham.

E alertou que as indústrias “enfrentarão escassez de materiais e os países terão dificuldade em repor os stocks de EPIs”, afirmando que “estamos numa era de interrupção da cadeia de abastecimento sem precedentes”.

As transportadoras marítimas lutam para mitigar o impacto, a Maersk, por exemplo, confirmou o cancelamento do porto de Yantian em 11 dos seus serviços e cancelou ad-hoc outros oito.

A transportadora disse que a autoridade portuária de Yantian reabriu com sucesso parte do porto, incrementando a produtividade para cerca de 45% do normal, mas que isso estava longe de ser suficiente. A empresa avisou os seus clientes de que mesmo que o porto possa, em breve, atingir os mesmos níveis de antes do incidente, a confiabilidade do cronograma continuará a sofrer com um tempo médio de espera de 16, ou mais, dias”.

Mas, à medida que a carga de exportação retida iniciar a movimentação, essa enorme vaga de carga atingirá os portos europeus e americanos, o que será extremamente desafiador para eles e para as suas já sobrecarregadas operações em terra.

Hersham acrescentou, ainda, que “A escala do problema no sul da China já é maior do que a do Suez, em março. “Duas métricas precisas para medir a interrupção são dias de atraso e TEU; em ambos os casos, Yantian supera, em muito, o que aconteceu com o Ever Given.”

Entretanto, o custo do frete contentorizado aumentou o risco de alta dos preços ao consumidor. Os custos de frete serão ainda mais dolorosos para as empresas que transferem bens de consumo de baixa tecnologia e de baixo valor, como brinquedos e móveis. “Se forem produtos volumosos, isso significa que não se poderão colocar muitos no contentor e isso terá um impacto significativo no preço final das mercadorias”, mencionou The Entertainer’s Grant.

Para alguns fabricantes de móveis de baixo valor, o frete representa agora cerca de 62% do valor no consumidor final, de acordo com Alan Murphy, CEO do guia Sea-Intelligence em Copenhagen.

Poucas serão as empresas que podem absorver um aumento de 20% nos custos totais na entrega de produtos comercializados internacionalmente.

Por outras palavras, o valor do frete das mercadorias pelo mundo pode chegar aos nossos bolsos mais cedo do que pensamos – desde a chávena de café que bebemos pela manhã até os brinquedos que estavam a pensar comprar para os filhos ou netos.

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