13 de junho de 2017

Um supertanque carregado e parado no meio do mar é sinal da luta perdida pela OPEP?

Se um único navio puder exemplificar o actual estado do mercado global de petróleo, esse será o supertanque Saiq, que flutua parado a cerca de 850 quilómetros ao sul das Ilhas Canárias.
Até alguns dias atrás, o petroleiro de 330 metros de comprimento, fretado pela Royal Dutch Shell Plc, navegava a 13 nós em direcção ao porto chinês de Tianjin, depois de carregar uma carga de dois milhões de barris depetróleo do Mar do Norte, no terminal Hound Point, perto de Edimburgo. De repente, parou no meio do Oceano Atlântico, de acordo com os dados de rastreamento de navios compilados pela Bloomberg.
O seu problema: a China não está a comprar muito petróleo bruto agora, deixando o petroleiro à procura de um cliente. Enquanto o navio flutuava perto de África, na semana passada, a Shell colocou à venda a carga, em modo transferência de navio para navio, no percurso da rota de regresso à Escócia. Não surgiu qualquer comprador.
Em todo o mundo, a situação dos navios como o Saiq, agora ao largo da Mauritânia, reflecte uma tendência clara no mercado de petróleo. Após seis meses de cortes na produção de petróleo por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e 11 de países não-OPEP liderados pela Rússia, o abastecimento de bruto é, surpreendentemente, ainda abundante, de acordo com os comerciantes.
"É um mercado de compradores", disse Olivier Jakob, diretor-gerente da consultora suíça Petromatrix GmbH, ecoando uma visão amplamente verificada no mercado.
Na teoria, os saldos globais de oferta e de procura da Agência Internacional de Energia dizem que o mercado deveria reduzir as existências. Os preços do petróleo, no entanto, sugerem que qualquer redução de oferta no mercado tem uma influência mínima. O preço do Brent, o benchmark global, é inferior a US $ 50 por barril, indicando que os compradores não estão interessados. 
Já nos contratos de futuro, a diferença de preço entre os contratos para diferentes meses, aumentaram consideravelmente em Junho, com patamares-chave nos níveis vistos pela última vez em Novembro, quando a OPEP anunciou os seus cortes de produção. Registam-se sinais de que os comerciantes estão a recorrer à colocação de navios tanques em armazenamento flutuante devido à falta de compradores.
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