O navio de patrulha da
Marinha da Venezuela ANBV NAIGUATA (GCG-23) afundou após colisão com o navio de
cruzeiro RCGS RESOLUTE no início da manhã 30 de março a noroeste da ilha de La
Tortuga, Venezuela, Caribe. O navio-patrulha estaria a patrulhar as águas
venezuelanas e o navio de cruzeiro navegava de Buenos Aires para Willemstad,
Curaçau, atracando lá poucas horas depois.
O presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro, acusou o cruzeiro de bandeira portuguesa de ter cometido um acto
de "terrorismo e pirataria" contra um barco da Marinha venezuelana,
que afundou após abalroamento e que “de maneira covarde e criminosa fugiu do
local de colisão e não tentou resgatar a tripulação do navio afundado".
Não havendo mais informação
concreta e credível, conclui-se que sucedeu um abalroamento entre dois navios, um
militar e outro civil, que o navio militar se afundou e que do acidente não
resultaram perdas humanas. Do mal, o menor. Convenhamos, no entanto, lembrar
que as regras para evitar abalroamentos no mar é universal (RIEAM), não fazendo
distinção entre navios militares e civis. De lembrar, ainda, que a Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) estabelece o direito de
passagem aos navios nas águas dos países ribeirinhos.
Posto isto, não se sabe se
havia passageiros a bordo do navio de cruzeiro. E, aqui, poderá residir a “razão”
pela qual o Capitão do navio de cruzeiro decidiu seguir viagem. Poderá ter
receado a resposta da Venezuela à colisão. Por mais “covardes ou criminosas”
que as suas acções possam parecer, ele terá a sua percepção de situação,
temendo que a Venezuela procedesse ao aprisionamento do navio e outros actos posteriores.
E muito mais, se o navio tivesse turistas a bordo. A Venezuela é conhecida por
apresar navios e prender tripulações mercantes, absolutamente inocentes, e
tratá-las como criminosos. O que a Venezuela iria fazer neste caso é pura
adivinhação, mas uma investigação justa e imparcial parece um resultado
altamente improvável. Mais uma questão: o navio de cruzeiro estava a chegar ao seu
porto de destino, sem águas ou canais de navegação restritos e, vá-se lá saber
porquê, como é que o navio da Armada Venezuelana conseguiu ser atingido pelo
navio de passageiros? Estaria a procurar impedir a sua passagem? Esta é, também,
uma incógnita, que poderá dizer muito sobre a competência náutica da Marinha da
Venezuela.
Em suma, esta história pode
ser considerada como tendo um final feliz. Ninguém morreu, navio de cruzeiro
com dezenas de tripulantes e provavelmente passageiros evitou apresamentos e prisões
muito desagradáveis, com resultados imprevisíveis, sendo a única perda o
navio da Marinha. O Capitão será punido se considerado culpado, em Curaçau ou
em qualquer outro lugar (decente) no mundo, mas uma coisa é certa: na base dos
que se conhece, ele já salvou as pessoas, pelas quais era responsável, de um
resultado muito incerto se o navio fosse apresado pela Venezuela.
Entretanto, o ministro dos
Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse – e muito bem – que existe
disponibilidade para investigar o incidente entre um navio com pavilhão
português e uma lancha da Marinha de Guerra venezuelana rejeitando tratar-se de
um incidente entre Estados.
"O incidente que
envolveu um navio privado sob pavilhão português e uma lancha da Marinha da
Venezuela não é um incidente entre Estados e o que os Estados devem fazer é
colaborarem entre si para que a verdade seja apurada. Do ponto de vista do
Estado português há toda a disponibilidade para essa colaboração", disse o
ministro dos Negócios Estrangeiros.
Se calhar, o gravador de
dados de viagem (VDR) do RCGS Resolute terá “muito a dizer”, quando acedido e estudado
por quem de direito e independente…
Navio-patrulha da Armada da
Venezuela ANBV NAIGUATA (GCG-23), indicativo YWKR, deslocamento 1453,
comprimento 80 metros, construído em 2009 Espanha, equipado com armamento de artilharia,
equipamento de guerra electrónica e capacidade para helicóptero.
Navio de cruzeiro RCGS RESOLUTE, IMO 9000168, GT 8378, construído em 1991,
registo MAR, capacidade para 184 passageiros, tripulação de 125, operado pela
canadiana Columbia Cruise Services.Notícia veiculada na imprensa
Quaisquer que sejam as circunstâncias, o navio flutuante tinha a obrigação de recolher os náufragos. É o que me parece.
ResponderEliminarNo meu entender, um artigo parcial. No caso de um abalroamento com situação de afundamento, deve-se prestar auxílio aos náufragos.
ResponderEliminarMuito fraco este comandante em atitude e responsabilidade.
Com os dados que temos concordo e poderia assinar este artigo por baixo.O Presidente da Venezuela já acusou anteriormente que falhou a promessa de distribuir o típico pernil natalício, porque os barcos que os transportavam foram sabotados. E acusou Portugal, sem dar mais explicações.
ResponderEliminarCarlos Oliveira
ResponderEliminarTenham calma, ninguém sabe o outro lado da história. por ter bandeira Portuguesa pode ter sido uma operação hostil da Venezuela. E temos que ter em atenção uma coisa, aquilo não são águas da Venezuela, noroeste da ilha de Tortuga são águas do Haiti e não da Venezuela, pelo que a operação hostil tem de se colocar em cima da mesa e numa operação hostil não se salvam vidas do inimigo.
Isso mesmo, Carlos Oliveira.
ResponderEliminarSegundo o que já li, a história não é como as autoridades Venezuelanas, Maduro, contam!
As próprias Autoridades de Curaçau foram contactadas e terão muito a clarificar porquanto o Navio, apesar de ter pavilhão Português e não ser propriedade Portuguesa, apenas abandonou o local do evento com conhecimento e autorização daquela entidade!
Mais, segundo li, no Navio apenas se encontrava a Tripulação e estavam em trabalhos de manutenção num dos motores propulsores!
Assim, o Maduro que vá para o C______ e deixe em paz Portugal!
Maduro no seu melhor....
ResponderEliminarFalaram ai do pernil. E esqueceram o acto hostil de inavasão de Portugal a Venezuela por parte dos 6 ou 9 Agentes da PSP que iam fazer segurança da embaixada de Portugal.
O Maduro no minimo é uma Besta
Sem carta náutica na minha frente, corro o risco de não ter razão, no entanto, o rumo seguido pelo navio parece algo errático.
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