O Presidente norte-americano
anunciou esta terça-feira que os Estados Unidos vão abandonar o acordo nuclear
com o Irão.
O dia 12 de maio era o prazo
para os EUA decidirem se renunciariam, ou não, às sanções contra o Irão em
resultado do acordo nuclear de 2015, que permitiu a Teerão retomar as exportações
de petróleo em troca de restrições ao seu programa nuclear. Embora haja mais
perguntas do que respostas nesta fase, a reposição de sanções causará um condicionamento
significativo no equilíbrio global entre oferta e procura de petróleo.
Embora a retirada dos EUA do
acordo seja realidade, será difícil convencer a UE a aderir às novas sanções
dos EUA. Da mesma forma, países como China e Índia, que cumpriram as sanções
anteriores em 2012, também, muito provavelmente darão apoio total às possíveis
sanções ao Irão. Se os EUA se retirarem unilateralmente, sem o apoio da Europa,
o impacto poderá ser diluído.
No entanto, se considerarmos
uma situação semelhante às sanções de 2012, o impacto potencial no mercado de
petróleo e petroleiros desta vez seria mais severo, já que o mercado já está
muito condicionado por razão da procura estável, dos cortes na produção da OPEP
e da queda da produção venezuelana.
Embora a produção não-OPEP tenha
vindo a aumentar através da produção nos EUA, o mercado ainda ficará com oferta
limitada nos próximos três trimestres se a OPEP mantiver a sua produção em
níveis de março. Mesmo na ausência de sanções, a procura por petróleo para o que
resta do ano será de cerca de 0,6 mbpd acima dos níveis de produção da Opep,
não obstante a crescente produção não-OPEP liderada pelos EUA. Em 2019, a pressão
deve diminuir, uma vez que ganhos adicionais na produção dos EUA reduzirão a procura
pelo petróleo da Opep.
Assim, se os produtores da
OPEP do Oriente Médio aumentarem a produção para compensar, totalmente,
qualquer declínio na oferta iraniana, as sanções não terão impacto sobre o
comércio de petróleo e procura dos petroleiros, já que as menores exportações
iranianas serão contrabalançadas pelas maiores exportações dos outros
produtores do Oriente Médio.
No entanto, se o cartel não
compensar totalmente o possível declínio da produção iraniana, o mercado estará
em sérios apuros, pois a lacuna terá que ser compensada pelo recurso aos stocks, o que, por sua vez, restringirá
o comércio em volume equivalente.
Neste cenário, podemos ver
um declínio no comércio marítimo de petróleo bruto de perto de 50 milhões de
toneladas (equivalente a 2,2% do comércio de 2017). Ou dito de outra forma, 15
a 20 VLCCs, poderão ficar sem mercado.
Por outro lado, o Grupo
Internacional de P & I Clubs, que cobre os riscos de mais de 90% dos
petroleiros do mundo, incluindo derrames de óleo, disse, na quarta-feira, que
provavelmente haverá "repercussões significativas" provocadas pelas
sanções.
Artigo: Drewry Maritime ResearchLer mais
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