O Presidente da Marine
Pilots, Frank Diegel, assinou um artigo onde comenta a informação de que a DNV
GL havia concedido uma aprovação de princípio à Hudong Zhonghua Shipbuilding
(group) Co., Ltd para o projecto de um navio de contentores de 25.000 TEU propulsionado
a GNL. Segundo essa notícia, veiculada pela conceituada consultora de Hamburgo,
Alphaliner (BRS), e apreciando as dimensões e o desenho de projecto, o navio
poderia realmente ter uma capacidade próxima de 26.000 TEU.
No seu comentário, Frank
Diegel constata que este tipo de navios tem crescido a cada nova encomenda, parecendo
não haver limite máximo, embora este crescimento de dimensões tenha vindo a ser
alvo de cada vez mais vozes críticas. A toda a hora as companhias de navegação
superam novos recordes de tamanho dos seus navios, capacidade de carga e volumes
transportados, não sendo fácil ter a noção de quem lidera uma determinada
disciplina.
A principal razão para o
crescimento das dimensões de navios é a pressão económica: os custos de
combustível e a tenaz concorrência entre companhias de navegação dão uma
vantagem àquela que seja capaz de transportar mais contentores a um menor custo
(com navio maior). É a chamada economia de escala.
Actualmente, os maiores
navios porta-contentores do mundo têm cerca de 400 metros de comprimento e
podem transportar mais de 20.000 TEU. E cada vez mais e maiores estão a surgir.
Em especial, nas rotas comerciais intercontinentais entre a Europa e o Leste da
Ásia, o uso de navios cada vez maiores é lucrativo devido ao grande volume de
carga movimentado.
Até onde? Até quando?
De facto, esta tendência vem
provocando uma transferência dos custos de transporte do mar para a terra. As
companhias de navegação estão a economizar em custos de operação de navios cada
vez maiores, enquanto em terra cada vez serão necessários mais investimentos na
infraestrutura de quem tem de os atender e servir. Eis alguns, de entre outros:
- Vias de acesso e cais mais
profundos para os navios (maiores e com maior calado)
- Guindastes maiores e com
maior alcance (que necessitarão de bases de ancoramento mais sólidas)
- Áreas de armazenamento
intermediárias maiores
- Maiores capacidades de
transporte para servidão do interior (hinterland),
por parte dos vários modos (camião, comboio ou embarcação fluvial)
Alguns portos já limitaram o
tamanho dos navios, evitando participar dessa corrida de tudo ou nada. Além de fazer
“explodir” as necessidades de investimento em infraestrutura terrestre para
lidar com o crescente número de contentores por navio durante uma escala
portuária, os aspectos ambientais e de segurança portuária também desempenham
um papel cada vez mais importante.
Impacto nos pilotos
marítimos
A manobra destes gigantes está
a tornar-se cada vez mais complexa e difícil, com massas acima de 200.000
toneladas. A área exposta ao vento e o fluxo cada vez maior de navios com
dimensões cada vez maiores tornam as manobras mais arriscadas (menos seguras)
nos portos existentes e nas suas rotas de acesso.
Efeitos nos operadores
portuários
Os operadores portuários enfrentam
os investimentos acima descritos, porque a infraestrutura existente – muitas vezes
ainda muito recente e actualizada – não consegue mais lidar com o tamanho dos
novos navios. A tensão pontual nos portos está a aumentar, à medida que um
único navio passa a mover um volume cada vez maior de contentores por escala no
porto, que também deve ser gerida e operada em curto espaço de tempo no porto.
Efeitos sobre as seguradoras
O risco de custo de um único
acidente por navio aumenta. A perda completa de um navio e respectiva carga, só
por si, sem levar em consideração os danos consequentes ao meio ambiente, a uma
qualquer infraestrutura, a um parceiro de acidente ou a responsabilidade por
danos subsequentes na cadeia logística, pode causar perdas na ordem de três
dígitos de milhão de dólares. Sob certas circunstâncias, o limite de 1 milhar
de milhão de dólares em danos poderá ser excedido. Este facto não está a deixar
que as seguradoras se sintam confortáveis.
Aqui fica a ligação para quem pretenda ler o artigo original .
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