16 de janeiro de 2020

O porta-contentores de 26.000 TEU está a chegar?


O Presidente da Marine Pilots, Frank Diegel, assinou um artigo onde comenta a informação de que a DNV GL havia concedido uma aprovação de princípio à Hudong Zhonghua Shipbuilding (group) Co., Ltd para o projecto de um navio de contentores de 25.000 TEU propulsionado a GNL. Segundo essa notícia, veiculada pela conceituada consultora de Hamburgo, Alphaliner (BRS), e apreciando as dimensões e o desenho de projecto, o navio poderia realmente ter uma capacidade próxima de 26.000 TEU.
No seu comentário, Frank Diegel constata que este tipo de navios tem crescido a cada nova encomenda, parecendo não haver limite máximo, embora este crescimento de dimensões tenha vindo a ser alvo de cada vez mais vozes críticas. A toda a hora as companhias de navegação superam novos recordes de tamanho dos seus navios, capacidade de carga e volumes transportados, não sendo fácil ter a noção de quem lidera uma determinada disciplina.
A principal razão para o crescimento das dimensões de navios é a pressão económica: os custos de combustível e a tenaz concorrência entre companhias de navegação dão uma vantagem àquela que seja capaz de transportar mais contentores a um menor custo (com navio maior). É a chamada economia de escala.
Actualmente, os maiores navios porta-contentores do mundo têm cerca de 400 metros de comprimento e podem transportar mais de 20.000 TEU. E cada vez mais e maiores estão a surgir. Em especial, nas rotas comerciais intercontinentais entre a Europa e o Leste da Ásia, o uso de navios cada vez maiores é lucrativo devido ao grande volume de carga movimentado.
Até onde? Até quando?
De facto, esta tendência vem provocando uma transferência dos custos de transporte do mar para a terra. As companhias de navegação estão a economizar em custos de operação de navios cada vez maiores, enquanto em terra cada vez serão necessários mais investimentos na infraestrutura de quem tem de os atender e servir. Eis alguns, de entre outros:
- Vias de acesso e cais mais profundos para os navios (maiores e com maior calado)
- Guindastes maiores e com maior alcance (que necessitarão de bases de ancoramento mais sólidas)
- Áreas de armazenamento intermediárias maiores
- Maiores capacidades de transporte para servidão do interior (hinterland), por parte dos vários modos (camião, comboio ou embarcação fluvial)
Alguns portos já limitaram o tamanho dos navios, evitando participar dessa corrida de tudo ou nada. Além de fazer “explodir” as necessidades de investimento em infraestrutura terrestre para lidar com o crescente número de contentores por navio durante uma escala portuária, os aspectos ambientais e de segurança portuária também desempenham um papel cada vez mais importante.
Impacto nos pilotos marítimos
A manobra destes gigantes está a tornar-se cada vez mais complexa e difícil, com massas acima de 200.000 toneladas. A área exposta ao vento e o fluxo cada vez maior de navios com dimensões cada vez maiores tornam as manobras mais arriscadas (menos seguras) nos portos existentes e nas suas rotas de acesso.
Efeitos nos operadores portuários
Os operadores portuários enfrentam os investimentos acima descritos, porque a infraestrutura existente – muitas vezes ainda muito recente e actualizada – não consegue mais lidar com o tamanho dos novos navios. A tensão pontual nos portos está a aumentar, à medida que um único navio passa a mover um volume cada vez maior de contentores por escala no porto, que também deve ser gerida e operada em curto espaço de tempo no porto.
Efeitos sobre as seguradoras
O risco de custo de um único acidente por navio aumenta. A perda completa de um navio e respectiva carga, só por si, sem levar em consideração os danos consequentes ao meio ambiente, a uma qualquer infraestrutura, a um parceiro de acidente ou a responsabilidade por danos subsequentes na cadeia logística, pode causar perdas na ordem de três dígitos de milhão de dólares. Sob certas circunstâncias, o limite de 1 milhar de milhão de dólares em danos poderá ser excedido. Este facto não está a deixar que as seguradoras se sintam confortáveis.
Aqui fica a ligação para quem pretenda ler o artigo original 
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